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É Possível Calcular Carbono Com o Mata Nativa?

Em 25 de julho de 2023
É possível Calcular o Carbono no Mata Nativa

A conservação dos recursos naturais tem sido negligenciada para a instalação de atividades antrópicas de forma descontrolada. Nesse sentido, converteu muitas áreas naturais para agricultura, pastagem, mineração, entre outras. No entanto, as florestas desempenham papel importante na disponibilização de serviços ecossistêmicos, sendo que estes são vitais para a manutenção dessa geração e as futuras. Assim, um dos serviços mais celebres que as florestas realizam é a como fonte de estoque de carbono. O carbono removido da atmosfera é armazenado nas árvores e podem ser utilizados como créditos de carbono. Porém, ao realizar o desmatamento das florestas, emite-se o carbono novamente para a atmosfera. Dessa forma, é importante saber o quanto existe de estoque de carbono na floresta. Para isso existem diversas equações matemáticas para a realização das estimativas. Nesse sentido, é possível calcular o carbono no Mata Nativa? Essa pergunta será respondida ao longo do texto.

Importância das Florestas

As florestas possuem papel importante na provisão de serviços para o homem como a alimentação, qualidade da água, do ar, regulação climática, entre outros. Além disso, as florestas são imprescindíveis para o ciclo da água, uma vez que parte da água das chuvas são retidas nos troncos, e podem ser retornadas a atmosfera por meio da evapotranspiração. As florestas também são fundamentais para a manutenção e formação dos solos. Com a manutenção e conservação das florestas, ocorre a estabilização de encostas, evitando muitos desastres naturais, como diversos deslizamentos de terra. Além dos benefícios já citados, as florestas têm função importante no ciclo de micronutrientes, bem como são locais para recreação e apreciação da natureza.

Porém, nos últimos anos, cresceu os índices de desmatamento, e substituiu as florestas por outras atividades. O aumento desenfreado dos índices de desmatamento, atrelado ao aumento das emissões de gases de efeito estufa, tem gerado a aceleração das mudanças climáticas. Portanto, as florestas que são sumidouros de carbono, ao terem suas árvores cortados, se tornam fonte de emissões de carbono. Estima-se que desde os anos 2000, o mundo já perdeu cerca de 10% das suas florestas naturais. Tais informações, aceleram os processos de aquecimento global, devido às emissões de carbono. Dessa forma, torna-se relevante entender os mecanismos de estoque e emissão de carbono nas florestas.

Carbono

O carbono é um elemento químico, presente nos solos, rochas, oceanos, atmosfera. Esse elemento possui um ciclo biogeoquímico que garante o processo de reciclagem do carbono, este conhecido como ciclo do carbono. O ciclo do carbono interliga com o meio e os seres vivos, principalmente nos processos biológicos das plantas. Dessa forma, divide-se o ciclo em ciclo geológico do carbono, nesse caso com o meio, e o ciclo biológico do carbono, com os seres vivos. Aqui, iremos entender mais sobre o papel das florestas no ciclo do carbono, que acontece no ciclo biológico do carbono.

As árvores realizam diversos processos bioquímicos, com a fotossíntese, respiração, decomposição, e nestes processos o carbono está presente. Durante a fotossíntese, a planta utiliza o gás carbônico para a construção de moléculas orgânicas e emitem oxigênio. No entanto, nos processos respiratórios e de decomposição, ocorre a liberação do gás carbônico para a atmosfera, utilizados novamente na fotossíntese.

Com o aumento da utilização de combustíveis fósseis e o desmatamento, como dissemos no tópico anterior, aumentou a disponibilidade de gás carbônico na atmosfera. Dessa forma, a acentuação do gás carbônico gera maior efeito estufa, e consequentemente, maior aquecimento global, e aceleração das mudanças climáticas. Nesse sentido, calcular o carbono tem sido apontado como importante instrumento na criação de políticas públicas para diminuir o desmatamento, e alertar sobre a importância das florestas como sumidouros de carbono.

Faixa-Guia-Completo-do-Inventario-Florestal

Como quantificar carbono

Atualmente, existem diversas fórmulas para calcular o carbono, sendo estas por espécie, fisionomia, e outras que englobam áreas maiores. Além disso, diversos estudos científicos utilizam modelos matemáticos para gerar fórmulas para quantificar o carbono na área ou espécie de interesse. Por exemplo, tem estudos sobre a quantificação do carbono em eucalipto, em espécies nativas de interesse econômico ou medicinal.

Método diretos

A obtenção do carbono pode ser feita por métodos destrutivos, com a derrubada da árvore, e pode ser obtida por meio de expressões matemáticas, em que não é necessário derrubar a árvore. Normalmente, a obtenção é feita por estimativas, uma vez que a supressão da vegetação demanda mais custos, tempo e pessoal. Pelo método direto deve-se obter o valor da densidade básica da madeira e o volume. Dessa forma, calcula-se a biomassa da seguinte forma:

Bi = DBi*Vi

Em que:

Bi = biomassa do fuste do indivíduo da i-ésima espécie, em kg;

DBi = densidade básica da i-ésima espécie, em kg.m-3;

Vi = volume com casca do fuste da árvore da i-ésima espécie, em m3.

Método indiretos

Por meio dos métodos indiretos, existem diversas fórmulas que buscam obter a estimativa do carbono, iremos ressaltar as mais conhecidas. Geralmente, realiza-se o ajuste de equações tradicionais para a estimativa da biomassa. Por exemplo, as expressões matemáticas de Schumacher e Hall, Spurr, Husch. A equação para calcular a biomassa por meio da expressão logarítmica de Schumacher e Hall está representada abaixo.

Ln Bi = β0 + β1 Ln DAP + β2 LnHC + ε

Em que:

Bi = biomassa do fuste do indivíduo da i-ésima espécie;

DAP = diâmetro altura do peito a 1,30 m de altura;

HC = altura comercial (m)

Ln = logaritmo natural.

β0,β1, β2 = valores a serem a ajustados

Exemplos

Resende et al. (2006) realizaram um estudo para o Cerrado, em áreas da fisionomia de cerrado sensu stricto, em ajustou equações para a realização de estimativas de carbono. Com a utilização da equação de Schumacher e Hall, obteve-se a seguinte expressão:

C= 0,00643DAP2,30447 *HC0,99317

Em que:

C: Estoque de carbono

Outro exemplo importante é o Inventário de Minas, que ajustou modelos alométricos para o estado conforme a bacia hidrográfica e fisionomia (Scolforo et al., 2008). Contudo, ressalta-se que, produziu-se uma equação geral para cada fisionomia de Minas Gerais. Tais equações se encontram descritas na tabela abaixo.

Além desses exemplos citados, existe um modelo Pantropical para estimativa de carbono, sendo este bastante utilizado e que se aplica em áreas tropicais do globo. Em suma, o estudo foi realizado por Chave et al. (2014), que utilizou áreas tropicais de todo o mundo, sendo uma equação com bastante precisão.

LnBSAS= -1,803 – 0,976 . E + 0,976 . Lndbm + 2,673 . LnDAP 0,0299 . Ln(DAP)2

Em que:

BSAS: Biomassa seca acima do solo;

E: variável de estresse ambiental;

dbm: densidade básica da madeira;

Como podemos ver, existem diversas equações para obter a estimativa da variável do carbono. No entanto, é possível calcular o carbono no Mata Nativa? É o que veremos a seguir.

Como realizar o cálculo no Mata Nativa

O Mata Nativa é um software que permite o cálculo de diversos parâmetros fitossociológicos e a realização do cálculo do inventário florestal. O software Mata Nativa possui versão web, isto é, o usuário não precisa se preocupar em baixar nenhum aplicativo. Também, vale ressaltar sobre o Mata Nativa Coletor, que pode ser adquirido pelo Play Store. Além dos cálculos já descritos, com o Mata Nativa é possível inserir fórmulas e realizar novos cálculos. Nesse sentido, é possível calcular o carbono no Mata Nativa. A seguir, demonstraremos o passo a passo.

1. Fazer login e entrar na plataforma

O primeiro passo é entrar no site e fazer login na plataforma. Caso não tenha o cadastro, é possível realizar de forma rápida ao clicar em cadastre-se.

2. Criar projeto

Após realizar o login, basta criar o projeto, ou entrar em um projeto já existente. Para criar projeto basta clicar em novo projeto e inserir as informações como nome do projeto, descrição e o tipo de amostragem realizada. Aqui existem as opções: amostragem casual simples, casual estratificada e inventário 100%.

3. Inserir os dados

Com as informações do projeto já preenchidas, basta inserir os dados. Para isso pode-se clicar em importar planilha e seguir os passos da janela que se abrirá. Nesse sentido, após inserir a planilha com os dados, é necessário associar as colunas dos dados com as colunas do Mata Nativa, verificar inconsistências, listas de espécies e parcelas e por fim, conferir as informações.

4. Aba fórmulas

Finalmente, com os dados já inseridos na plataforma, basta clicar na aba fórmulas. Nessa aba é possível inserir qualquer equação, e dessa forma calcular o carbono. A título de exemplo, iremos utilizar a equação de proposta por Resende et al. (2006) para cálculo de carbono em áreas de cerrado sensu stricto.

C= 0,00643DAP2,30447 *HC0,99317

Após clicar em fórmulas, basta clicar em inserir e realizar o cadastro de fórmula. Assim, é necessário inserir uma descrição, e a expressão, e por fim clicar em adicionar. Uma informação importante, deve-se declarar as constantes com ponto.

Agora, é necessário inserir a variável carbono na aba árvores. Para isso, basta clicar em árvores e depois clicar em atributos. Nessa aba, na opção variáveis quantitativas, deve-se clicar em inserir. Após clicar nessa opção deve escrever a descrição, no caso utilizamos carbono e abreviação que utilizamos C.

Dessa forma, na planilha árvores aparecerá a coluna com a variável C. A variável será inserida na última coluna, e podemos arrastar a coluna para tornar o processo mais fácil. Para calcular, basta clicar em configurar, e selecionar o método, a variável a preencher, as casas decimais, e a fórmula que será utilizada, e por fim basta clicar em preencher.

Pronto, agora realizou-se todos os cálculos de carbono de forma rápida e prática.

A estimativa de carbono tem ganhado grande notoriedade devido a sua importância quanto ao serviço ecossistêmico prestado pelas florestas. Atualmente, existem diversas fórmulas de calcular essa variável tão importante. E com o Mata Nativa é possível obter as estimativas de carbono de forma precisa e sem gastar muito tempo. Se deseja utilizar a plataforma, basta entrar em contato com nossos consultores.

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Autor(a)

Engenheira e Mestre em Engenharia Florestal, atualmente doutoranda em Ecologia Aplicada. Possui experiência em Florestas de Mogno, onde tive o prazer de conhecer desde o plantio até o manejo das florestas e o consórcio do Mogno com café em áreas áridas do Norte de Minas. Além disso, tenho conhecimento em inventários florestais em diversas fitosionomias de Cerrado e coleta de informações funcionais de espécies e do solo na Mata Atlântica em fitosionomias Mistas e alagadas. Atuo no mapeamento remoto por meio do geoprocessamento de áreas da Mata Atlântica. Tenho interesse, principalmente, nas temáticas de conservação da biodiversidade, dinâmica da vegetação, mapeamento do uso e cobertura do solo, modelagem ecológica e estocagem de carbono.
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