A preocupação com o meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais ganhou e continua ocupando um espaço significativo nas discussões ao redor do mundo, principalmente no Brasil. A reunião ocorrida em Paris, por exemplo, no ano de 2015, denominada COP21 realizada com o objetivo de estabelecer metas afim de mitigar as mudanças climáticas no planeta e reduzir emissões de gases de efeito estufa, em virtude de ações insustentáveis praticadas pelo homem ao longo destas décadas, foi umas das ações promovidas pelos Organização das Nações Unidas – ONU, preocupados com o aumento da temperatura do planeta e a progressão da degradação do meio ambiente com o passar dos anos.
Entretanto, para que estas metas acordadas junto ao governo brasileiro e os outros 194 países, no intuito de cumprir com o acordo de Paris, precisam serem refletidas antes de sua execução, com o propósito de atingir-se resultados concretos e precisos e, para isto ser realizado, necessita-se de um diálogo sobre o Uso e Manejo de Bacias Hidrográficas no território nacional e a atuação do Engenheiro Florestal como um profissional também qualificado no gerenciamento da unidade, a Bacia Hidrográfica (BH), tendo em vista que sua alteração pode vim a causar perturbações ambientais, como consequência de um má planejamento de seu uso.
Mas, afinal, o que é uma Bacia Hidrográfica?
Para fins de estudos hidrológicos, uma Bacia Hidrográfica é considerada um conjunto de terras drenadas por um corpo d’água principal e seus afluentes e representa a unidade mais apropriada. Entretanto, o conceito de BH vai muito além de um corpo d’água. Vários autores consideram a importância do uso de conceito de BH similar ao de ecossistema, tanto para estudos como para o Gerenciamento Ambiental.
Word Vision (2004), complementando o conceito de BH, considera este como um espaço tridimensional integrando as interações entre a cobertura do terreno, as profundidades do solo e o entorno das linhas divisórias das águas, encontrando-se recursos naturais e infraestrutura criada pelo homem, na qual este desenvolve econômicas e sociais gerando diferentes efeitos favoráveis e desfavoráveis. Assim, uma BH é um sistema formado por quatro componentes:
Biológico: constituído pela flora e pela fauna existente;
Físico: integrado pelo solo, subsolo, geologia, recursos hídricos e clima (temperatura, radiação, evaporação, entre outros);
Econômico: integrado por todas as atividades produtivas que realiza o homem, envolvendo, dentre outros, a agricultura e a pecuária, a exploração de recursos naturais, a indústria e agroindústria, e, a infraestrutura de apoio e serviços (estradas, energia, assentamentos, cidades, dentre outros);
Social: composto pelos elementos demográficos, institucionais, propriedade de terras, saúde, educação, habitação, culturais, organizacionais, políticos e legal.
Deste modo, uma BH deve ser vista como uma unidade fundamental para o planejamento do uso e conservação de recursos múltiplos, onde a água, a madeira, os alimentos, as fibras, as pastagens, a vida silvestre, a recreação e outros componentes ambientais podem ser produzidos para atender às necessidades da crescente população mundial.
E onde o Engenheiro Florestal pode vim a atuar neste ramo?
Primeiro precisamos entender o conceito de Manejo de BH.
Para BROOKS et al. (1991), pode ser entendido como o “processo de organizar e orientar o uso da terra e de outros recursos naturais numa bacia hidrográfica, a fim de produzir bens e serviços, sem destruir ou afetar adversamente o solo e a água”.
Como visto anteriormente, uma BH é formada por quatro componentes, sendo um deles o biológico, constituído pela flora e fauna existentes em determinada área. O Engenheiro Florestal, como profissional, é responsável pelo manejo da flora, especialmente as árvores, principalmente voltado para o manejo de bacias hidrográficas. Por exemplo, vamos supor que o rendimento hídrico de uma BH esteja abaixo da demanda, sendo preciso estabelecer um plano de manejo da cobertura florestal, para a determinação de atividades como raleamento, corte em faixas, substituição de espécies de sistema radicular profundo por outras de sistema radicular mais superficial; afim de aumentar a produção de água da BH e assim suprir a demanda.
Saiba também: O inventário florestal e a conservação dos recursos naturais
Desta forma, o Engenheiro Florestal maneja a floresta para que haja a saída balanceada de diferentes produtos e serviços, usando as práticas de manejo de bacias hidrográficas (LIMA 2008). Este é o único profissional capacitado para o manejo de uma floresta com a finalidade produzir bens e serviços, podendo fazê-lo baseando-se na estratégia do manejo de bacias hidrográficas.
Assim, o Engenheiro Florestal como profissional no âmbito do Manejo de BH, pode vim a atuar empregando as seguintes ferramentas, seja para fins de conservação ou produção sustentável:
– Sistemas agroflorestais;
– Planejamento do sistema viário;
– Diversidade de paisagem ao longo da área;
– Proteção da mata ciliar;
– Práticas de conservação do solo;
– Mapeamento de solo segundo as classes de capacidade de uso;
– Geoprocessamento;
– Sistemas adequados de colheita da madeira etc.
O conhecimento de hidrologia e funcionamento hidrológico de uma BH é fundamental para o Engenheiro Florestal que pretenda vim trabalhar com o este ramo.
Portanto, a atuação do Engenheiro Florestal e sua valorização neste ramo é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável da sociedade, como também sua intervenção se faz necessária para o planejamento e gerenciamento das bacias hidrográficas brasileiras
Fonte:
Veja também:
- Manejo florestal de precisão;
- Manejo florestal sustentável e a sua importância;
- Roteiro básico para elaboração de um plano de manejo florestal.
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