Estrutura paramétrica de uma comunidade de floresta natural é analisada em termos das estimativas dos parâmetros: números de árvore ou densidade absoluta (DA), área basal por hectare ou dominância absoluta (DoA) e volume por hectare ou volume absoluto (VT), respectivamente por classe de DAP. Os parâmetros DA, DoA e VT são estimados geralmente, por espécie e por classe de DAP. Contudo os referidos parâmetros podem ser estimados em combinação com as variáveis qualitativas (grupo ecológico de espécies, classe de infestação de cipós, classe de fuste, grupos de usos, classes de danos, etc.).
Com a análise da estrutura diamétrica (parâmetros distribuídos por classe de diâmetro), podemos caracterizar as tipologias vegetais, os estágios de sucessão (inicial, médio e avançado), verificar o estado de conservação, determinar os regimes de manejo florestal e analisar a dinâmica de crescimento e produção. Também é possível caracterizar os grupos ecológicos de espécies (pioneira, secundária inicial, secundária tardia e clímax) e os grupos de uso. Essa análise pode ser utilizada de um lado, como referência para guia de corte e do outro, como um verificador de sustentabilidade ambiental de manejo.
Leia também: Cálculo e Interpretação da Estrutura Paramétrica por classe de diâmetro
Nesse post, quero mostrar como é realizado o cálculo da estrutura diamétrica por espécie no Mata Nativa e passar algumas dicas de interpretação dos resultados. Dessa forma podemos analisar não só o número total de árvores por hectare de cada espécie, mas também o número de indivíduos amostrados (N), a área basal (AB), a dominância (AB/ha) e volume amostrado e volume por hectare em m3.
4 passos para o cálculo da estrutura diamétrica no Mata Nativa
Para gerar os resultados no software, o primeiro passo é selecionar o módulo “Cálculos”, o segundo, selecionar a aba “Est. Diamétrica”, o terceiro selecionar a sub-aba “Espécie” e o quarto passo clicar no botão “Calcular”. Na Figura 1, a sequência dos passos na tela do Mata Nativa.
Figura 1 – Passos para o cálculo da estrutura diamétrica por espécie.
Após realizar os quatro passos, na tela “Opções de cálculos – Est. Diamétrica – Espécie” você poderá selecionar todos os parâmetros já mencionados ou selecionar apenas os de seu interesse. Cabe lembrar que é nessa sub-aba que se realiza o cálculo de volume total por espécie amostrada e o volume total por hectare, conforme a Figura 2.
Para cadastrar o parâmetro volume e volume/ha, clicar no botão “Inserir”, e assim abrirá uma linha para edição dentro do quadro “Outros Parâmetros”. Fazer o cadastrado em nome, para volume a sugestão é VT, a fórmula deverá ser selecionada através da seta preta. Com um novo clique em “Inserir”, repetir os passos mencionados, porém com o nome VT/ha, e selecionar a caixa na coluna “Por Área (ha)”. Lembrar sempre de selecionar as caixas, “Ordenar por VI” e “Apresentar nome dos parâmetros”, conforme mostrado na Figura 2.
Dica de apresentação e interpretação dos resultados
Após clicar no botão “Calcular” na tela “Opções de cálculos – Est. Diamétrica – Espécie” o software retornará os resultados apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Parâmetros populacionais por espécie. Em que: N = número de indivíduos, AB = área basal (m²), DA = densidade absoluta, DoA = dominância absoluta, VT = volume total (m³), VT/ha = volume total estimado por hectare.
Nome Científico | N | AB | DA (N/ha) | DoA (AB/ha) | VT m3 | VT/ha m3 |
Dalbergia miscolobium | 376 | 2,1810 | 313,333 | 1,8180 | 6,5991 | 5,4993 |
Kielmeyera speciosa | 189 | 0,8460 | 157,500 | 0,7050 | 2,1778 | 1,8148 |
Acosmium dasycarpum | 85 | 0,3070 | 70,833 | 0,2560 | 0,6653 | 0,5544 |
Machaerium sp. 2 | 95 | 0,3420 | 79,167 | 0,2850 | 0,7222 | 0,6018 |
Machaerium opacum | 76 | 0,3600 | 63,333 | 0,3000 | 1,1033 | 0,9194 |
Eugenia dysenterica | 46 | 0,2600 | 38,333 | 0,2170 | 0,8251 | 0,6876 |
Machaerium sp. 1 | 58 | 0,2200 | 48,333 | 0,1830 | 0,4774 | 0,3978 |
Caryocar brasiliensis | 27 | 0,2060 | 22,500 | 0,1720 | 0,6881 | 0,5734 |
Hymenaea stigonocarpa | 29 | 0,1550 | 24,167 | 0,1290 | 0,4641 | 0,3867 |
Qualea grandiflora | 29 | 0,1290 | 24,167 | 0,1080 | 0,3398 | 0,2831 |
Zeyheria sp. | 27 | 0,1070 | 22,500 | 0,0890 | 0,2805 | 0,2338 |
Kielmeyera sp. | 39 | 0,1740 | 32,500 | 0,1450 | 0,4448 | 0,3706 |
Lafoensia pacari | 24 | 0,0970 | 20,000 | 0,0800 | 0,2365 | 0,1971 |
Em relação à densidade absoluta, que leva em consideração o número de indivíduos identificados nas parcelas, destacaram-se Dalbergia miscolobium e Kielmeyera speciosa, com valores de 313 e 157 indivíduos/ha, respectivamente.
Em termos de dominância absoluta (DoA), sobressaíram as espécies Dalbergia miscolobium (1,818 m²/ha), Kielmeyera speciosa (0,705 m²/ha), Machaerium opacum (0,300 m²/ha), Machaerium sp.2 (0,285 m²/ha) e Acosmium dasycarpum (0,256 m²/ha). Essas espécies se destacaram, principalmente, por possuírem elevados valores de diâmetro.
Veja também: Cálculo e Interpretação da estrutura vertical da floresta
Em nível de espécies, os valores de densidade (DA), dominância (DoA), volume e número de indivíduos (N), seguiu a tendência dos outros parâmetros já mencionados (VI%, VC%, FR). Dessa forma as espécies que apresentaram os maiores valores para esses parâmetros foram Dalbergia miscolobium, Kielmeyera speciosa e Acosmium dasycarpum.
A espécie Machaerium sp.2 apresenta maiores valores de DA, DoA e N que a espécie Acosmium dasycarpum, no entanto a segunda aparece com maior frequência que a primeira, fazendo com que o valor de VI% seja maior. Esses resultados podem ser visualizados na Figura 3.
Figura 3 – Distribuição da área basal por hectare (m2/ha) e volume total por hectare (m3/ha) das principais espécies encontradas em ordem decrescente de VI (%) em inventário quantitativo.
Vale lembrar que a estrutura paramétrica e estrutura diamétrica são dois termos que são confundidos, mas que estão relacionados. A estrutura diamétrica nada mais é do que a distribuição dos parâmetros por classes de diâmetro, conforme mencionado no início do post. Assim, para facilitar o entendimento, no próximo post falarei de como realizar o cálculo dos parâmetros por classe de diâmetro, daí de fato, estrutura diamétrica.
Veja também:
- Manejo Florestal de Precisão
- Dicas de equações de volume no inventário florestal
- Inventário florestal pelo método Ponto-quadrante
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