O Inventário Florestal Contínuo (IFC) é uma ferramenta de grande importância para o monitoramento do crescimento e produção das florestas e é basicamente composto por parcelas permanentes, onde se efetua a coleta periódica de dados quantitativos e qualitativos, envolvendo alterações temporais na vegetação arbórea. Tais dados, reunidos a outras informações advindas de ensaios silviculturais e estudos fenológico/ecológicos, possibilitam a construção de modelos que refletem a estrutura e a dinâmica das florestas.
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Assim, uma base de dados sistematizados, oriundos de parcelas permanentes, constitui importante instrumento para o manejo e o desenvolvimento florestal sustentáveis e também para estratégias de conservação de áreas protegidas.
Para possibilitar a quantificação das mudanças na arquitetura, estrutura e composição florística, bem como avaliar os impactos da exploração e determinar o tipo e intensidade de aplicação dos tratamentos silviculturais, um inventário florestal contínuo deverá ser planejado e implantado, de preferência antes da exploração florestal.
Veja também: Estimativa de altura e ajuste da equação hipsométrica
Ele fornece os dados básicos para monitorar o desenvolvimento da floresta remanescente de impacto reduzido e após a aplicação do primeiro tratamento silvicultural, isto é, para avaliar os processos de dinâmica de sucessão natural, crescimento e produção florestal por espécie, classe diamétrica e por regime de manejo, definir necessidade, tipo, intensidade e ocasião de aplicação de tratos silviculturais, e, sobretudo, determinar o ciclo de corte. Assim, para o monitoramento de planos de manejo e estudos de dinâmica de florestas tropicais, medições sucessivas de parcelas permanentes devem ser efetuadas em períodos de 3 a 5 anos, preferencialmente em razão das baixas taxas de crescimento dessas sucessões florestais naturais.
O principal do inventário realizado em ocasiões sucessivas é saber se o emprego de unidades permanentes, com maior custo de locação na primeira ocasião, é a melhor alternativa, se o uso de unidades de amostra temporários e independentes, de custo de locação inferior em qualquer ocasião é a melhor alternativa e se o uso combinado de unidades temporárias e permanentes é a melhor opção.
No monitoramento florestal, a amostragem por parcelas permanentes é o procedimento recomendado e o mais empregado, tendo em vista o controle árvore a árvore, o que permite inferir precisamente sobre as mudanças ocorridas na florestal em certo período.
O entendimento dos processos e mecanismos que são responsáveis pela dinâmica de populações e padrões em comunidade é fundamental para o estabelecimento de critérios de manejo nos trópicos, uma vez que um dos princípios da silvicultura é que diferentes espécies comportam-se de forma diferenciada aos diversos graus de abertura do dossel.
Assim, a dinâmica da floresta nativa e a complexidade de seu ecossistema devem ser muito bem entendidos para que se possa planejar a utilização sustentável de seus recursos e a sua conservação.
A dinâmica florestal envolve diversos processos de organização da comunidade, como sucessão, mortalidade, recrutamento, crescimento, regeneração e relações bióticas entre diferentes populações (competição, simbiose, predação etc.). Essas informações, quando analisadas conjuntamente indicam as alterações ocorridas nas populações.
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Ingresso ou recrutamento
Ingresso ou recrutamento pode ser definido como os indivíduos que apareceram entre duas medições, ou indivíduos que atingiram um DAP ou volume mínimo em duas medições consecutivas. O recrutamento mantém a floresta com novas árvores, podendo ou não compensar a mortalidade.
A quantidade de ingresso pode variar dependendo da composição florística e da perturbação do dossel. Caso a floresta sofra perturbações pequenas (como a queda de um galho ou uma árvore), o aparecimento de novos indivíduos é reduzido, porém grandes perturbações resultam maior quantidades de germinação, principalmente de espécies pioneiras de crescimento rápido.
Mortalidade
A mortalidade pode ser definida como o número de indivíduos que morreram em um determinado período. A mortalidade e a reprodução consistem juntas no ponto de partida da maioria dos estudos de dinâmica de população. A mortalidade pode ocorrer tanto por causas genéticas como ambientais, porém, os modelos de crescimento ignoram o fator genético, dando maior importância aos fatores ambientais. Em florestas tropicais, o modelo de mortalidade no tempo e no espaço é fortemente relacionado à máxima longevidade das árvores, sua distribuição em classes de tamanho, abundância relativa das espécies, tamanho e número de clareiras.
Entenda também: Amostragem Sistemática
As árvores mortas influenciam nas condições dos microambientes e, portanto, na taxa de crescimento de árvores vizinhas. A morte de uma árvore pode aumentar ou diminuir a mortalidade de outras, ocorrendo a uma taxa anual que varia de 1% a 2% em florestas primárias tropicais e as espécies pioneiras caracterizam-se por apresentar alta taxa de mortalidade, o que se deve ao fato de que as árvores em florestas tropicais são mais susceptíveis a senescência, seca, competição, ação de fungos e bactérias ou a combinação desses fatores.
Monitoramento de florestas com o Mata Nativa
Além das opções de amostragem e censo, com o Mata Nativa é possível monitorar o desenvolvimento de uma floresta. Basta selecionar a opção monitoramento durante o cadastro de um novo projeto.
Além de fornecer as informações de medições feitas em diferentes ocasiões, é possível fazer os cálculos relacionados à dinâmica da floresta.
Referência Bibliográfica:
- SOUZA, A.L.; SOARES, C.P.B. Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. Viçosa: Editora UFV, 2013, 322 p.
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