As florestas de uso econômico nada mais são que florestas plantadas com enfoque econômico e com fins comerciais. Estes plantios têm como finalidade a obtenção de produtos e subprodutos madeireiros e não madeireiros essenciais ao dia a dia da população. Em se tratando de números, a expansão das florestas de uso econômico saltou de 8.297.535 ha em 2013 para 9.616.157 ha em 2020. Em síntese, o crescimento representa um aumento de aproximadamente 15,9%.
O que são florestas de uso econômico?
Segundo o Decreto n.° 8.375 de 11 de dezembro de 2014, define-se como florestas plantadas “as florestas compostas predominantemente por árvores que resultam de semeadura ou plantio, cultivadas com enfoque econômico e com fins comerciais”.
Em síntese, a semeadura ou plantio dessas árvores tem como objetivo produzir madeiras, bem como outros produtos e subprodutos comercializáveis.
A saber, os produtos e subprodutos comercializáveis advindos de base florestal dividem-se em dois grupos:
Grupo 1: Madeira e produtos baseados na madeira
Este grupo inclui:
- Produtos primários como a lenha, o carvão vegetal, a madeira em tora e os cavacos;
- Produtos oriundos da primeira transformação industrial da madeira, como a madeira serrada, os painéis a base de madeira, a celulose e o papel; e
- Os produtos florestais mais elaborados e com maior valor adicionado, como: produtos de madeira usados na construção civil (portas, janelas, assoalhos, entre outros), móveis de madeira.
Grupo 2: Produtos não madeireiros
Todos aqueles produtos oriundos das florestas que não sejam madeira ou seus derivados, tais como: folhas, frutos, flores, sementes, castanhas, palmitos, raízes, bulbos, ramos, cascas, fibras, óleos essenciais, óleos fixos, látex, resinas, gomas, cipós, ervas, bambus, plantas ornamentais, fungos e produtos de origem animal.
Expansão das florestas de uso econômico no Brasil
No Brasil, os plantios de florestas para uso econômico teve início há mais de um século.
A princípio, no ano de 1904, Edmundo Navarro de Andrade trouxe mudas de Eucalipto (Eucalyptus spp.) para plantios que produziriam madeira para dormentes das estradas de ferro.
Já em 1947, foi a vez da introdução do Pinus (Pinus spp.) com a finalidade de abastecer fábricas de papel.
Dessa forma, o plantio dessas espécies tornou-se alternativa viável para o suprimento da demanda de madeira no país.
Logo depois, a década de 70 foi marcada pela política de incentivos fiscais para o reflorestamento, que se iniciou ainda na década de 60.
Na década de 80, contudo, houve um declínio na área florestal plantada, devido ao Decreto n° 88.207 que definiu novas prioridades na execução da política de reflorestamento, restringindo o uso dos recursos do Fiset (Fundo de Investimentos Setoriais).
No entanto, a partir da década de 90, movidas pela instabilidade do ambiente macroeconômico e político do Brasil, as grandes empresas privadas começaram a rever sua estratégia e assumir funções até então desenvolvidas somente pelo Estado.
Foi nesta década que a indústria de celulose atingiu maturidade, tendo seu avanço ditado pelo mercado e pelas necessidades de expansão das empresas, e não mais pelas exigências do desenvolvimento planejado do país.
Portanto, nos anos 2000, instituiu-se o Programa Nacional de Florestas (PNF), por meio do Decreto n° 3.420, de 20 de abril, cujo os principais objetivos em relação às florestas plantadas foram:
- Estimular o uso sustentável de florestas nativas e plantadas;
- Fomentar as atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades rurais;
- Promover o uso sustentável das florestas de produção;
- Apoiar o desenvolvimento das indústrias de base florestal; e
- Ampliar os mercados interno e externo de produtos e subprodutos florestais.
Cenário Atual
Atualmente, o Brasil é detentor das melhores tecnologias voltadas para silvicultura de eucalipto, alcançando aproximadamente 60 m³/ha de produtividade, em rotações de sete anos.
Além disso, o país possui plantios comerciais de outras espécies como: Acácia (Acacia mearnsii), Seringueira (Hevea spp.), Teca (Tectona grandis), Paricá (Schizolobium parahybaI), Araucária (Araucaria angustifolia) e Álamo (Populus sp.).
Expansão das florestas de uso econômico em números
Em se tratando de números, segundo dados do IBGE (2022), a expansão das florestas de uso econômico no Brasil cresceu de 8.297.535 ha em 2013 para 9.616.157 ha em 2020, representando um aumento de aproximadamente 15,9%. Destes, 77,3% é composto por plantio de eucalipto; 19,0% por plantio de pinus; e 3,7% por outras espécies.
Neste contexto, cabe destacar que, os estados com maior percentual de área plantada são: Minas Gerais (21,5%), São Paulo (12,5%), Paraná (12,1%), Mato Grosso do Sul (11,8%) e Rio Grande do Sul (10,7%).
Produtos e subprodutos das florestas de uso econômico
Em síntese, os produtos florestais são aqueles que se encontram no seu estado bruto ou in natura. Enquanto que, os subprodutos são aqueles que passaram por processo de beneficiamento.
Dentre os produtos e subprodutos florestais comercializáveis, as florestas de uso econômico oferecem mais de 5.000 produtos diferentes. Por exemplo, tem-se: desinfetantes, aromatizantes, espessantes, solventes, vernizes, colas, borracha sintética, tintas para impressão, tecidos, ceras e graxas, papéis para impressão, higiênicos e sanitários, fraldas, embalagens, móveis, palet, caixotarias, viscose, carvão vegetal, dentre outros.
Conforme a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá, 2022), no último ano o Brasil destacou-se na produção de celulose, papel, painéis de madeira e pisos laminados, produtos sólidos de madeira e carvão vegetal.
Celulose
A produção de celulose cresceu 7,4% em 2021 para 22,5 milhões de toneladas, mantendo o Brasil na posição de segundo maior produtor do mundo.
Como resultado, de toda a produção, quase 70% foram destinados para exportação, totalizando 15,7 milhões de toneladas.
Do mesmo modo, o mercado doméstico foi responsável pelo consumo de 6,8 milhões de toneladas, um aumento de quase 30% em relação ao ano anterior.
Papel
A produção de papel no Brasil subiu 4,2% em 2021, para 10,7 milhões de toneladas.
Em suma, o mercado doméstico manteve-se como o principal consumidor (81%), com negociação de 9,2 milhões de toneladas internamente (produção e importações).
Por outro lado, as exportações de papel alcançaram 2,1 milhões de toneladas em 2021, um recuo de 1,4% em relação a 2020.
Painéis de madeira e pisos laminados
Em termos globais, o Brasil está entre os 10 maiores produtores de painéis de madeira do mundo.
No ano de 2021, o setor apresentou crescimento de 14,6%, em volume, um valor equivalente a 8,2 milhões de metros cúbicos. Tal fato foi impulsionado pela adoção do teletrabalho pelas empresas, uma vez que o consumo dos itens de painéis de madeira e pisos laminados proporcionassem um ambiente de trabalho adequado dentro de casa.
Produtos sólidos de madeira
Em 2021, o setor madeireiro registrou resultados positivos nas exportações e importações, mesmo considerando o cenário adverso que o mundo vivenciou (incertezas econômicas e sanitárias, aumento nos custos de produção, dentre outros).
Segundo os dados da SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), em 2021 as exportações e importações subiram fortemente em 41% e 64%, respectivamente.
Carvão vegetal
A produção de carvão vegetal nacional posiciona o Brasil como principal produtor no mundo, sendo importante matéria-prima para as demais cadeias.
Em suma, a produção de carvão vegetal nos principais estados, como Minas Gerais e Espírito Santo, chegou a 3,6 milhões de toneladas em 2021. Esta produção revelou aumento de 9,4% em relação a 2020, segundo dados do Sindifer/Ibá.
Políticas para o desenvolvimento das florestas plantadas
Com base na importância econômica e as potencialidades dessa atividade para o país, atualmente está em execução o Plano Nacional de Desenvolvimento das Florestas Plantadas (Plantar Florestas).
O Plano foi criado pelo Decreto n.° 8.375 de 11 de dezembro de 2014, que define a Política Agrícola para Florestas Plantadas. Além disso, o documento traz o diagnóstico do setor, cenários e tendências internacionais, macroeconômicas e metas.
Em síntese, a principal meta do plano é ampliar a área de florestas plantadas no território nacional em 2 milhões de hectares até 2030.
Além do Plantar Florestas, outras políticas de destaque voltadas para o setor florestal são o Programa ABC e o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural.
O Programa ABC tem como missão articular ações multi-institucionais de monitoramento da redução das emissões de Gases de Efeito Estuda (GEE) dos setores da agropecuária brasileira, dentre eles o setor de florestas plantadas. Assim, conforme preconizado na Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), objetiva-se melhorar a eficiência no uso de recursos naturais, aumentar a resiliência de sistemas produtivos e de comunidades rurais e possibilitar a adaptação do setor de florestas plantadas às mudanças climáticas.
Enquanto que, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural oferece ao silvicultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido. A iniciativa se dá por meio de auxílio financeiro do governo federal.
Links Relacionados
- Análise da formação da base florestal plantada para fins industriais no Brasil sob uma perspectiva histórica;
- DOF – Documento de Origem Florestal;
- Decreto n.° 8.375, de 11 de dezembro de 2014;
- Florestas Plantadas;
- Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas;
- Relatório Anual Ibá.
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