Nos últimos anos surgiram novas oportunidades com as inovações tecnológicas para a produção florestal, e isto se reflete no histórico do setor florestal brasileiro de florestas plantadas, visto que em apenas 70 anos saímos do zero para nos tornar um dos países mais competitivos do mundo.
Junto de toda a revolução tecnológica surge o termo floresta 4.0. Este é um tema novo que merece atenção. Portanto, este texto traz aspectos sobre diferentes tecnologias aplicadas ao setor florestal e sobre a floresta 4.0.
A evolução das tecnologias
Nos últimos 30 anos, as tecnologias voltadas para o processo florestal passaram por diversas evoluções. Fomos desde o desenvolvimento de caminhões adaptados para o transporte de madeira a equipamentos específicos para a colheita florestal, uso de imagens de satélite de alta resolução, análises via LiDAR (Light Detection And Ranging), softwares específicos para gestão e planejamento florestal, simuladores virtuais de treinamento, VANTs e drones adaptados para atividades florestais, IoT (Internet of Things), bem como a era do Big Data e da IA (Inteligência Artificial).
No setor florestal, a colheita foi uma das primeiras atividades a evoluir de maneira acentuada. Máquinas de altíssima tecnologia em automação trouxeram grandes benefícios para o meio operacional, o que permitiu ganhos em produtividade e, por conseguinte, uma evolução tecnológica para as outras áreas do setor. Em seguida, vieram as evoluções das plantadeiras automatizadas e equipamentos que realizam diversas atividades silviculturais de forma simultânea, o que contribuiu para melhoria da ergonomia das atividades, reduzindo custos operacionais.
Para que o Brasil continue a garantir ou mesmo amplie sua capacidade de produção com sustentabilidade, torna-se necessária a modernização, através da adoção de novas tecnologias e inovação em toda a cadeia de produção florestal.
Floresta 4.0
Cada vez mais interligado com seus aparelhos continuamente conectados à internet e com acesso a qualquer tipo de informação em tempo real, o setor florestal tem sido um dos protagonistas e pioneiros na adoção de tecnologias digitais, destacando-se o uso de drones como uma das tecnologias mais adotadas, seguido da internet das coisas, da telemetria e do sensoriamento remoto.
A floresta 4.0 tem possibilitado a coleta de inúmeros tipos de dados. O grande volume de dados obtidos constitui em uma fonte rica de informações correlacionadas do campo. Informações antes nunca analisadas que agora tomam corpo e podem trazer outra visão para a tomada de decisões, de forma mais assertiva e rápida.
Com a floresta 4.0, a informatização operacional já é uma realidade na maioria das atividades florestais, desde a coleta dos dados de inventário florestal até apontamento de produção dos trabalhadores. Atualmente, dados de inventário e de produção silvicultural são coletados via dispositivos móveis (tablet e smartphones), nos quais o software Mata Nativa são utilizados para interfaciar os dados, permitindo uma visão dinâmica das operações.
Entretanto a floresta 4.0 não pode ser vista apenas como uma revolução tecnológica, mas também uma revolução de modelos de negócios. Na floresta 4.0, a interação homem-máquina é presente em grande escala. Um número expressivo de informações correlacionadas é analisado e disposto para ações cada vez mais rápidas e assertivas no campo. Portanto, pode-se dizer que essas evoluções trazem um novo modelo operacional, em que supera a “normalidade” até então praticada.
A floresta 4.0, floresta inteligente, florestal digital, entre outros nomes, vai muito além da automação e conectividade, ela parte da interação e integração de usuário e dispositivos, repostas no tempo certo e com a qualidade necessária, o que permite criar métodos para alcançar resultados efetivos.
Duas importantes tecnologias para o setor florestal
- Geoprocessamento: é a técnica computacional que realiza o processamento de informações geográficas ou espaciais transformando-os em resultados, colhidos na forma de mapas digitais, tabelas, relatórios ou gráficos. Latitude, longitude e altitude são relacionadas com informações não espaciais, como espécie plantada, temperatura, umidade, pH do solo, etc. O uso do geoprocessamento não é novidade no mercado florestal. Esse recurso é usado desde os anos 1990 em levantamento de perímetros, escoamento da produção, questões fundiárias, e cálculo de áreas de talhões de plantios. Já a partir dos anos 2000, o uso de geotecnologias passou a ser usado no planejamento, nas prognoses de plantios, transporte e colheita.
- Perfilamento laser (LiDAR): A rápida aquisição de um Modelo Digital de Terreno de alta precisão, mesmo em áreas de florestas em pé, é realizadol através do levantamento laser aerotransportado. Existe a flexibilidade de gerar dados laser em plataformas distintas, como aeronaves tripuladas, helicópteros ou VANTs. A intensidade dos feixes de laser é diretamente correlacionada com o tipo do sensor e altura do voo, enquanto as características do terreno (presença de vegetação, tipo do dossel) afetarão também o número de retornos que atingirão o solo. As atividades florestais beneficiadas ao utilizarem altimetria de precisão são:
- INVENTÁRIO FLORESTAL: vincular a altura máxima das árvores por talhões, aumentando a confiabilidade do inventário; estimativas do número total de indivíduos e auxílio para o planejamento do abastecimento de madeira no longo prazo, com prognoses de crescimento da floresta.
- SILVICULTURA: melhoria na prescrição do microplanejamento de plantio; apoio na definição do percentual de mecanização; base para aplicação da silvicultura de precisão, levando as recomendações prontas para o computador de bordo e aplicá-lo no campo.
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