O inventário florestal é a principal técnica empregada na caracterização quantitativa e qualitativa dos recursos florestais. Em suma, a atividade é a base para o planejamento da conservação e manejo da vegetação. Assim, a partir dos dados levantados no inventário, segundo os objetivos de utilização da área, é possível se fazer, por exemplo, uma projeção do volume, área basal, qualidade do fuste, estado fitossanitário, entre outros aspectos. Além disso,as informações obtidas subsidiam a elaboração de estratégias para a exploração dos recursos de forma ambiental, econômica e socialmente correta. Tais informações, tanto em florestas plantadas como em vegetação nativa, são obtidas a partir do inventário florestal. Especificamente, para o inventário de florestas nativas, devido à sua complexidade, diversos desafios podem surgir, mas também muitas oportunidades de mercado.
Inventário de Florestas Nativas: Desafios
A realização do inventário de florestas nativas possui muitos desafios, mas também muitas oportunidades. Por se tratar de um ambiente natural e complexo, devido a biodiversidade que abriga, estas áreas tendem a apresentar riscos inerentes.
Dentre os muitos desafios enfrentados, o primeiro a se destacar é o deslocamento, seja para a área ou dentro da área. A depender da região em que a área de interesse está situada, há uma demanda específica de transporte. Também, o deslocamento em florestas mais densas tende a ser mais trabalhoso.
No que diz respeito à mão de obra, a necessidade de estruturação de boas equipes de inventário florestal é fundamental, pois estas são responsáveis por uma coleta sistemática eficiente dos dados das variáveis de interesse. Além disso, as florestas, principalmente as tropicais, possuem uma grande diversidade de espécies. Portanto, os inventários florestais realizados nessas áreas implicam em uma identificação florística de grande quantidade de espécies. E, esta etapa é mais um desafio para os responsáveis pela execução da atividade.
Quais outros desafios podem ser identificados?
1 – Amostragem
A amostragem que se realizar durante o inventário florestal é um ponto primordial do planejamento. Para que o inventário seja uma ferramenta capaz de garantir o sucesso de um empreendimento, o sistema de amostragem a se empregar deve permitir que os dados coletados nas unidades amostrais possibilitem estimativas adequadas da floresta. No entanto, a escolha do método de amostragem é um grande desafio quando se estuda as florestas nativas.
A vegetação natural possui uma grande heterogeneidade e, por isso, durante a coleta dos dados deve-se cuidadosamente atentar para a obtenção de amostras representativas dessa variabilidade. Além do desafio da escolha do tipo de amostragem, faz-se necessário planejar como executar em campo. Nesse sentido, a alocação das parcelas deve abranger não somente a heterogeneidade, mas deve-se analisar a possibilidade de chegar nessas parcelas.
Por fim, em contrapartida ao método de amostragem, que inclui parte da área, existem estudos com o método do inventário 100%. Este tipo de inventário exige um conhecimento amplo da área e das espécies a serem inventariadas.
2 – Inventário florestal simples
O inventário florestal pode ser realizado em uma única vez ou de forma periódica. No Brasil, o inventário de florestas nativas para fins madeireiros, muitas vezes, restringe-se a um levantamento simples do estoque de indivíduos adultos e de grande porte que são suscetíveis de se explorar. Porém, este tipo de levantamento não possui uma visão real dos recursos florestais, resultando numa visão incompleta ou até mesmo distorcida da verdadeira condição de desenvolvimento da floresta. Portanto, mais um grande desafio de inventário em florestas nativas é fazer com que se realize o inventário de forma satisfatória. Atingindo tal objetivo pode-se inferir que, a ferramenta poderá ser capaz de garantir o sucesso de um empreendimento que visa conduzir um sistema de manejo em florestas nativas.
3 – Inventário Florestal Permanente
O monitoramento das florestas, em determinados contextos, se dá a partir de acompanhamentos periódicos da vegetação. A partir do estudo, em intervalos de tempo preestabelecidos, é possível ter uma dinâmica das espécies, que podem embasar tanto projetos de conservação quanto projetos de manejos.
Por meio de um inventário florestal permanente, que avalie os indivíduos adultos e jovens periodicamente, ao se utilizar técnicas de dendrometria e métodos de amostragem adequados, pode-se entender o comportamento das populações das espécies, incluindo os indivíduos em todas as classes de diâmetro. Deste modo, é possível avaliar o volume de material reposto pela floresta em um determinado período, condição essencial para o rendimento sustentado desta floresta. Além disso, faz-se possível obter a descrição fisionômica, que contém as listas de espécies e a apresentação de perfis e diagramas.
A realização do inventário florestal contínuo em florestas nativas decorre em diversos desafios. A exemplo, a necessidade de uma equipe qualificada que irá repetir o método corretamente. Muitas vezes, ao replicar o inventário, os responsáveis utilizam um método diferente do anterior, o que irá interferir diretamente nos resultados. Além disso, a anotação de planilhas é algo no qual carece de muita atenção, uma vez que devem contar a remedição das árvores e a anotação das novas árvores. Ademais, caso não sejam bem identificadas e demarcadas, encontrar e identificar as parcelas pode ser um grande desafio.
4- Abrangência do Inventário Florestal
A abrangência do inventário florestal é um ponto é primordial no planejamento, uma vez que é necessário entender a área de cobertura do inventário florestal. Nesse sentido, existe o inventário florestal nacional, que cobre um país, inventário florestal regional, que cobre uma região, e o inventário florestal de área restrita, que usualmente determina o potencial florestal de utilização imediata.
No tocante de abrangência, os desafios são inúmeros, principalmente em relação ao inventário florestal nacional e regional. Para a realização desses levantamentos deve-se propor uma logística muito bem trabalhada, uma vez que serão quilômetros percorridos e margem de erro deve ser pequena. Além disso, os métodos empregados no inventário florestal devem ser idênticos para toda área inventariada. De forma geral, diversos pontos devem ser planejados antes, durante e após a execução do inventário florestal para grandes extensões de florestas nativas.
Inventário Florestal de Nativas: Oportunidades
Apesar dos desafios para realização do inventário de florestas nativas, o mercado tem evoluído e proporcionado muitas oportunidades. No âmbito do inventário florestal, o avanço da tecnologia tem feito com que a atividade se torne cada dia mais completos e informativos.
A partir dos muitos novos recursos disponíveis, a obtenção de dados do inventário florestal permite muito além da determinação do volume de madeira existente na floresta. Os dados coletados permitem inferir quanto o volume comercial, estágio sucessional da floresta, realizar a avaliação da regeneração natural das espécies, dentre outras peculiaridades inerentes ao objetivo do inventário florestal.
No que diz ao levantamento e processamento de dados, softwares como o Mata Nativa mostram-se como uma poderosa ferramenta tanto para a caracterização de florestas plantadas como de nativas. O Mata Nativa é uma solução completa para o profissional que atua com inventário florestal. A partir do software é possível realizar todos os cálculos do inventário florestal e da fitossociologia. Ademais, o software, reconhecido pelos órgãos ambientais, fornece resultados rápidos e precisos, além de promover a otimização de custos e tempo. Por fim, todos os dados inserido no software ficam salvos na nuvem, permitindo que o usuário acesse em qualquer computador e em qualquer momento.
Além da versão web, o Mata Nativa também possui uma versão para celular, o Mata Nativa Coletor. De forma resumida, o aplicativo possibilita ao usuário a coleta de dados em campo descartando as tradicionais fichas de papel. Além disso, realiza cálculos de amostragem, suficiência amostral, possibilita o registro de imagens e uso de GPS diretamente no smartphone. Por fim, cabe ressaltar que, o aplicativo realiza o backup e a transferência de dados para outro dispositivo em campo, reduzindo risco de perda de dados coletados.
Onde estão as outras oportunidades?
Com o aperfeiçoamento dos inventários e com toda a evolução da tecnologia que vemos nos últimos anos, novas oportunidades dentro do conceito de exploração das florestas nativas vem surgindo. Tal fato implica na criação de novos mercados antes não existentes. Então vamos falar um pouco mais sobre este aspecto.
As novas oportunidades
Nos últimos anos, além do tradicional mercado madeireiro, novas possibilidades na exploração de florestas nativas vêm se destacando. Um mercado relativamente jovem surgiu com as mudanças climáticas, no qual a restauração florestal, a partir do plantio econômico de espécies nativas e dos sistemas agroflorestais, passou a ser uma possibilidade para a retirada de bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, ficando armazenadas em sua biomassa. Assim, a partir de uma necessidade ambiental, surgiu o mercado de créditos de carbono. Neste caso, o inventário florestal mostra-se como uma ferramenta de grande importância na determinação do estoque de carbono presente na floresta e, consequentemente, para a sua então comercialização.
Os sistemas agroflorestais com espécies nativas também vêm ganhando espaço e mercado ao longo dos últimos anos. Tal fato, decorre que os sistemas contribuem para a recuperação do solo e a produção de água em maior quantidade e com mais qualidade. Também é importante ressaltar que os sistemas agroflorestais diminuem a pressão sobre as florestas naturais, freando o desmatamento e a extração ilegal de madeira e de produtos florestais, bem como contribui para a conservação da biodiversidade. Por conseguinte, estas contribuições com o meio ambiente e com a sociedade fez surgir o mercado de pagamento por serviços ambientais (PSA). No entanto, há de se ressaltar que, ainda há muitos desafios de ordem técnica e financeira, bem como institucional e legal para que o PSA ganhe escala no Brasil.
Considerações
Muitos são os desafios e as oportunidades de trabalho dentro da área de inventário florestal de florestas nativas. Assim, surge na área diversas tecnologias que visam auxiliar os responsáveis nas tomadas de decisões quanto o manejo e conservação dos recursos florestais. Em relação ao inventário florestal, o Mata Nativa se destaca como uma plataforma pioneira nos cálculos do inventário e da fitossociologia. Por fim, estudos devem ser aprofundados por meio da união de especialistas, ambientalistas e pesquisadores em torno de um propósito em comum, melhorando o acesso à informação e a vida dos produtores rurais.
Revisado por Kelly Marianne Guimarães Pereira em 13/09/2023
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