Seguindo a linha de raciocínio das 2 últimas postagens aqui no nosso Blog, quando falamos em inventário florestal de plantadas, estamos nos referindo a uma prática eficaz para obter a quantidade de recursos disponíveis em uma área florestal, principalmente em termos de volume de madeira. O uso de equações corretamente ajustadas é vital para garantir que os dados obtidos sejam precisos. Dados como volume comercial, volume total, volume de galhos, biomassa e carbono armazenados nas árvores podem ser calculados facilmente.
O software Mata Nativa é um exemplo de tecnologia que simplifica esses cálculos complexos com uma interface amigável e eficiente para gerar qualquer informação exigida pelos órgãos de fiscalização florestal em todo o Brasil. Complementarmente, o software Cubmaster permite realizar cubagens de árvores dos inventários, utilizando métodos como Huber, Smalian e Newton, para ajustar as equações ideais para o seu inventário, por regressão linear e não-linear. Ou seja, a equação ideal que você ajustar pelo software Cubmaster, poderá ser utilizada no software Mata Nativa para gerar os cálculos necessários.
CUBAGEM RIGOROSA
Cubagem é um método utilizado em inventários florestais para determinar com precisão o volume do fuste de árvores-amostra, por meio de medições detalhadas do diâmetro em várias seções ao longo do tronco dessas árvores. O objetivo é você encontrar a melhor equação de volume de madeira para a vegetação onde se está realizando o inventário florestal. Utilizando o software Cubmaster, é possível obter equações que poderão calcular, por exemplo:
➤ Volume Total com Casca;
➤ Volume Total sem Casca;
➤ Volume Comercial com Casca;
➤ Volume Comercial sem Casca;
➤ Volume de Galhos;
➤ Volume de Biomassa/Carbono;
➤ Equação de Taper, que serve para calcular o DAP (diâmetro à altura do peito) a uma dada altura, ou calcular a altura a um dado DAP.
A seguir, sugerimos algumas dicas para se realizar uma cubagem rigorosa corretamente:
DICA 1
A quantidade de árvores que devem ser cortadas para realizar a cubagem deve ser representativa para o total de árvore do inventário, ou seja, deve responder por todas as árvores presentes na área analisada. Sabemos que quanto maior o número de árvores cubadas, mais preciso será o ajuste da equação. E esta definição depende de vários fatores, como a variabilidade da floresta, o objetivo do inventário e aos custos e tempo envolvidos na operação. No entanto, algumas recomendações gerais podem ser feitas:
● Para florestas homogêneas, uma amostra de 5-10% das árvores pode ser suficiente.
● Para florestas heterogêneas, esta porcentagem é necessariamente maior. O ideal é criar classes de DAPxAltura e derrubar árvores em todas as classes criadas para que todas as classes sejam representadas. Dessa forma, a equação ajustada servirá tanto para árvores finas quanto grossas, e também para árvores pequenas e grandes.
Alguns autores sugerem um mínimo de 20 árvores por espécie ou classe de diâmetro. Porém, na prática, esse número pode ser bem menor. Baseie-se em alguma literatura confiável.
DICA 2
As árvores possuem a base com maior volume em relação ao topo. Assim, para se obter uma melhor avaliação do real volume da árvore, é mais indicado definir seções de menor comprimento na base, e a partir de 1,3 metro de altura (DAP), medir com menor rigor, ou seja, espaçar mais as seções.
Por exemplo:
● Seção 1: de 0,1 a 0,3 metro;
● Seção 2: de 0,3 a 0,7 metro;
● Seção 3: de 0,7 a 1,3 metro;
● Seção 4: de 1,3 a 2,3 metros), e a partir daí, medir a cada 1 metro, para ganhar tempo e dinheiro.
DICA 3
O tempo para se medir a altura das árvores em campo é muito maior do que fazer a medição do diâmetro. Portanto, é recomendado fazer o ajuste de uma equação hipsométrica para medir a altura das árvores em relação ao diâmetro. Portanto, faz-se a medição do DAP de todas as árvores, e a altura de apenas algumas árvores. Em seguida faz-se o ajuste de uma equação hipsométrica para estimar a altura. Com isso, para aquelas árvores cuja altura não foi medida, baseado no DAP dessas árvores, é possível calcular, também, a altura delas.
DICA 4
As equações ajustadas de biomassa são vitais para estimar a quantidade de biomassa e carbono armazenados nas árvores. Isso é especialmente importante no contexto das mudanças climáticas, pois ajuda a entender o papel das florestas na captura de carbono e na mitigação do aquecimento global. As florestas atuam como sumidouros de carbono, e conhecer a quantidade de carbono que elas armazenam é essencial para estratégias de conservação e políticas ambientais.
Assim, podemos quantificar e monitorar os esforços de sequestro de carbono, contribuindo para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Então, além do lucro com a venda da madeira para as indústrias, é possível também rentabilizar a floresta mediante créditos de carbono.
DICA 5
Existem vários modelos matemáticos que podem ser utilizados durante o ajuste de equações. A escolha entre modelos matemáticos lineares e não lineares depende de vários fatores, incluindo a natureza dos dados, a complexidade da relação entre as variáveis e a precisão desejada.
● Modelos Lineares são mais simples e fáceis de interpretar. Eles assumem uma relação proporcional entre as variáveis, o que pode ser adequado em muitos casos. No entanto, podem não capturar adequadamente a complexidade da forma das árvores, especialmente em florestas com alta variabilidade.
Exemplo:
onde:
= Logaritmo neperiano.
= Volume da árvore;
= Diâmetro à altura do peito (DAP)
= Altura total da árvore
, e = Coeficientes do modelo a serem estimados.
● Modelos Não Lineares geralmente oferecem um ajuste melhor para dados que apresentam relações mais complexas, como as que ocorrem em árvores onde a forma do tronco pode variar significativamente. Modelos não lineares, como o modelo de Schumacher e Hall ou o modelo logarítmico de Spurr, podem proporcionar estimativas de volume mais precisas, especialmente ao se considerar a interação entre diâmetro e altura.
Exemplo:
onde:
= Volume da árvore;
= Diâmetro à altura do peito (DAP)
= Altura total da árvore
, e = Coeficientes do modelo a serem estimados.
Portanto, não existe uma regra a ser seguida.
Este é o terceiro artigo que divulgamos este mês sobre florestas plantadas. O que achou do conteúdo? Fale para a gente se você já teve algum problema com o levantamento volumétrico. Usou a equação certa? Fez a cubagem? Usou algum software para ajustar a equação? Compartilhe suas experiências e dúvidas nos comentários abaixo!
Fique atento às próximas postagens!
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Dicas de Equações de Volume no Inventário Florestal