Software Mata Nativa

Mata Nativa Blog

Home

Inventário Florestal: Imprevistos em Campo, o Que Fazer?

Em 25 de outubro de 2018
Inventário Florestal Imprevistos em Campo, o Que Fazer

O inventário florestal é uma das principais atividades em um empreendimento que envolva vegetação. Essa técnica consiste em obter informações qualitativas e quantitativas das espécies de uma floresta, seja nativa ou plantada. A saber, o procedimento consiste em idas à área de interesse para a mensuração das variáveis florestais. Dessa forma, os profissionais envolvidos nas atividades de campo do inventário florestal ficam expostos a diversos riscos ao adentrar nas florestas para a coleta de dados. Assim, quando os imprevistos ocorrerem na execução do inventário florestal, o que fazer?

Imprevistos ao realizar um inventário florestal

A atividade do inventário florestal possui riscos inerentes a equipe responsável. O fato de estar em um ambiente natural e silvestre implica em encontrar animais peçonhentos, plantas nocivas, assim como insetos. Além disso, podem acontecer imprevistos relacionados às condições climáticas, danos a equipamentos, ou até mesmo problemas relacionados ao planejamento.

Naturalmente, o inventário florestal está propenso a enfrentar situações indesejadas. Quando situações assim ocorrem, a coleta de dados pode ser parcialmente comprometida enquanto esforços são desprendidos para resolver o problema que surgiu. No entanto, é possível realizar a atividade de forma mais segura e com a contenção de riscos e imprevistos. Para isso, deve-se realizar um planejamento executivo e orçamentário considerando todos os possíveis imprevistos. Esta estratégia permitirá que se opere com ações preventivas, bem como evidenciar uma atenção redobrada durante a execução da atividade.

https://info.matanativa.com.br/faixa-blog-guia-para-tornar-um-expert-em-inventario-florestal

Dicas para lidar com os imprevistos

A principal medida preventiva é a realização do planejamento, uma vez que este procedimento permitirá trabalhar com os possíveis imprevistos e como solucioná-los. Com o planejamento, o responsável pelo inventário florestal deve formar uma equipe e fazer uma gestão próxima deste grupo. Além de ser necessário para a execução do próprio levantamento, uma equipe é de fundamental importância, ou seja, ir a campo deve ser prioritariamente com outras pessoas, se possível mesclando profissionais experientes e novatos. Em suma, é imprescritível nunca ir sozinho a campo, pois existem situações em que, se o responsável estiver sozinho, pode ter sérios problemas.

Além da formalização da equipe, deve-se realizar o preparo dos instrumentos a serem utilizados no inventário florestal com antecedência. Em outras palavras, nunca preparar no dia, visto que são muitos equipamentos necessários para a execução da atividade. Por fim, preparar a alimentação e água em quantidade superior ao que se acredita ser necessária, uma vez que suprirá as demandas em casos de imprevistos na coleta dos dados do inventário florestal.

Além dos pontos supracitados, separamos algumas dicas sobre como lidar com determinadas situações que podem ocorrer em campo.

1 – Picadas por animais peçonhentos

Ao adentrar em uma mata, o principal risco são as picadas de animais peçonhentos, considerando que esses animais, muitas vezes, passam despercebidos pelas pessoas que estão realizando o inventário florestal. No Brasil, os principais animais peçonhentos que causam acidentes são algumas espécies de serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros (mariposas e suas larvas), himenópteros (abelhas, formigas e vespas), coleópteros (besouros), quilópodes (lacraias), entre outros.

Caso se depare com uma situação que envolva estes animais, deve-se evitar totalmente algumas atitudes. De forma mais clara, algumas pessoas acreditam na existência de crenças populares para lidar com essas situações, porém, tais ações podem tornar o acidente ainda mais grave. Por exemplo, não se deve realizar a sucção do veneno, espremer o local da picada, fazer torniquete, cortes, queimar o local da ferida ou aplicar folhas no local.

As principais medidas para lidar com essas situações são: manter a pessoa em repouso, evitando o seu movimento para que não favoreça a absorção do veneno, manter a região picada no mesmo nível do coração ou, se possível, abaixo dele, localizar a marca da picada e limpar o local com água e sabão ou soro fisiológico, cobrir o local com um pano limpo, remover anéis, pulseiras e outros objetos que possam prender a circulação sanguínea e levar a pessoa imediatamente para o pronto-socorro mais próximo. Além disso, as outras pessoas envolvidas no inventário florestal devem procurar identificar o tipo de animal que atacou a vítima, observando cor, tamanho, dentre outras características.

2- Perdas ou danos em equipamentos

Ao lidar com as atividades de campo deve-se ter cuidado com os materiais e equipamentos utilizados. Contudo, devido às condições do ambiente, pode acontecer a perda de pequenos materiais, assim como a danificação dos equipamentos. Por exemplo, pode acontecer de algum equipamento cair, ficar perdido na serrapilheira da mata ou até mesmo quebrar. Assim, o profissional deve realizar um planejamento, principalmente quando se está trabalhando em uma coleta de dados de longa duração, para evitar que imprevistos dessa natureza possam ocorrer no inventário florestal. Nesse sentido, deve-se levar equipamento extra, para evitar que a equipe fique parada por falta de alguma ferramenta de trabalho.

3- Acidentes de trabalho

O conceito legal de acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa redução ou perda da capacidade para o trabalho, ou até a morte do trabalhador. Também, considera-se acidente do trabalho os incidentes ocorridos com o empregado, ainda que fora do local de trabalho desde que esteja executando ordem ou realizando serviço sob a autoridade da empresa, por exemplo:

  • Nos períodos destinados à refeição, descanso ou por ocasião das necessidades fisiológicas;
  • Percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para sua residência, desde que não haja desvios de percurso.

Os acidentes de trabalho são resultados de falhas existentes nos processos produtivos, principalmente, em função do fator pessoal de insegurança, condições ambientais de insegurança e situação combinada, aliado a falta de métodos definidos para prevenir e reduzir riscos de acidentes e evitar lesões ou doenças originadas do trabalho.

As atividades florestais destacam-se mundialmente devido à periculosidade e índice de acidentes. Por exemplo, as motosserras têm sido reportadas como os equipamentos com o maior índice de acidentes associados no mundo. Aliás, dentre todas as atividades, a derrubada de árvores é a mais perigosa, pois ela envolve diversos fatores de risco. Além do perigo relacionado ao equipamento, existe o risco com a queda das árvores. Para evitar esse tipo de situação durante o inventário florestal, deve-se garantir que as equipes responsáveis pelas cubagens das árvores permaneçam bem distantes das equipes que fazem as demais medições.

Devido à gravidade deste tipo de situação, não existe outra maneira de se resolver que não seja procurar o hospital mais próximo. Assim, mais uma vez, vale reforçar a importância dos EPIs, que evitam ou amenizam os possíveis acidentes e imprevistos na execução do inventário florestal.

4- Mal-estar da equipe

O trabalho em campo pode ocasionar mal-estar em membros da equipe do inventário florestal. Essa situação pode ocorrer devido às condições climáticas, como sol intenso. Além disso, a alimentação inadequada e a falta de água também podem gerar problemas. Em cenário de inventário florestal que duram semanas ou meses é fundamental analisar a logística de alimentação e água, evitando ao máximo alimentos que podem causar desgastes na equipe, ou estragados. Além disso, é fundamental cada membro conhecer seus limites físicos, assim como se possui alergias a determinados alimentos e insetos. Por fim, deve-se utilizar sempre água tratada e em abundância. A hidratação é fundamental para que os membros da equipe consigam executar todas as atividades necessárias durante o dia de coleta do inventário florestal.

5- Imprevistos relacionados às condições climáticas

A realização do inventário florestal dependente diretamente das condições do clima no momento da mensuração. Como exemplo, dias chuvosos implicam em dificuldades ou até paralisação da atividade, principalmente se apresentarem com raios. Além disso, em regiões que ocorrem cheias, muitas vezes não é possível realizar o inventário. Dessa forma, grande parte dos profissionais evitam dias chuvosos para a realização das medições em campo, porque além de aumentar os riscos, o rendimento do trabalho fica comprometido. Assim, a melhor alternativa é a prevenção, isto é, durante o planejamento procure por dias com boas condições climáticas. Além disso, vale o lembrete de sempre inserir no material de campo, uma capa de chuva, e outros materiais que se fizerem necessários para tal fim.

A ocorrência de imprevistos durante a execução de um inventário florestal é quase que inevitável, pois a atividade incorre em riscos. Contudo, é importante executar um planejamento bem pensado para mitigar todas as situações inesperadas. Além disso, ao adentrar em uma vegetação, seja nativa ou plantada, o cuidado é primordial. As principais dicas são: sempre andar com EPI adequado e utilizando-o da forma correta, evitar tocar em locais de forma negligente, estar sempre atento no caminho, levar sempre materiais extras e conferir as previsões do clima antes de ir para campo. Por fim, atentar aos detalhes e planejar o inventário florestal com antecedência, é certo que você irá prevenir muitos imprevistos.

Links relacionados

Acidentes de trabalho

Revisado por Kelly Marianne Guimarães Pereira em 17 de abril de 2023

Tags:

Compartilhe:

Nos conte o que achou:

Veja também:

Siga o Mata Nativa

Autor(a)

Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa. Continuou seus estudos na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo da Vida Selvagem. Dedicou grande parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental no Meio Ambiente Florestal da Fibria Celulose S/A e como consultora em projetos de Inventário Florestal, Averbação de Reserva Legal e Mapeamento de Áreas, na Florestal Jr. Atualmente é mestranda em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela UFRJ, Consultora de Comunicação da Ocyan e Gestora de Conteúdo do blog Mata Nativa.
plugins premium WordPress