A fitossociologia é um ramo da Ecologia Vegetal que busca estudar, descrever e compreender a associação de espécies vegetais em uma comunidade. Assim, o levantamento fitossociológico é um relevante estudo, tanto no momento em que é feito, pois revela a composição vegetacional do local em questão, como subsídio para futuros estudos, como por exemplo, no embasamento de programas de gestão ambiental.
Esta ciência também pode ser compreendida como a parte da ecologia quantitativa de comunidades vegetais. Portanto, seus objetivos referem-se ao estudo quantitativo da composição florística, da estrutura, do funcionamento, da dinâmica, da distribuição e das relações ambientais de uma comunidade vegetal.
Os estudos fitossociológicos vêm se intensificando ao longo das últimas décadas. Atualmente, tais informações tornaram-se importantes para se definirem políticas de conservação, nos programas recuperação de áreas degradadas, na produção de sementes e mudas, na identificação de espécies ameaçadas, na avaliação de impactos e no licenciamento ambiental, dentre outros. Porém, os levantamentos ou inventários fitossociológicos também determinam volume, sortimentos, área basal, altura média das árvores dominantes, biomassa e diâmetro médio quadrático. No caso de florestas nativas, características tais como densidade, dominância, posição sociológica e índice de regeneração natural podem ser considerados. Além disso, dentre as características qualitativas, podemos citar a vitalidade das árvores, qualidade do fuste, tendência de valorização, etc.
Amostragem e Etapas para realização de um levantamento fitossociológico
O levantamento fitossociológico pode partir de um censo dos indivíduos presentes em uma comunidade florestal, porém a realização do censo é raramente praticável, já que requer muito tempo para execução e possui custo muito elevado. Assim, recorremos às amostragens que fornecem uma representação segura da vegetação estudada. Já a escolha do método a ser adotado em um levantamento florestal depende primeiramente do que se pretende responder sobre a vegetação. Ao se determinar um método, é imprescindível satisfazer alguns requisitos básicos, como: as unidades amostrais claramente distinguíveis; a forma e o tamanho das unidades as mais uniformes possíveis; e as regras de inclusão e exclusão do material botânico em cada unidade previamente estabelecida e que deverá ser respeitada.
Veja também: Análise fitossociológica e estrutural da floresta
Diversas literaturas indicam que a amostragem aleatória deve ser a preferida quando não existem variações significativas na comunidade, enquanto a sistemática deve ser utilizada em áreas onde se encontra uma maior variabilidade do componente vegetal. Portanto, a técnica de amostragem aleatória deve ser utilizada em comunidades mais homogêneas, enquanto a estratificada deve ser aplicada quanto mais heterogênea for a cobertura vegetal. No Brasil, o método mais utilizado é o de parcelas de área fixa, embora seus custos sejam normalmente mais elevados e demandem mais tempo em campo, em função da marcação das unidades amostrais e da numeração de um grande número de indivíduos.
Posteriormente temos as etapas de estudo que compreendem basicamente três etapas: a coleta, o processamento e a interpretação dos dados. Essas etapas estão estreitamente relacionadas e são função dos objetivos que se deseja alcançar.
Métodos utilizados
O Método do ponto-quadrante, ou simplesmente Quadrantes, é um método que dispensa a instalação de uma área amostral, resultando em maior rapidez em sua consecução. A limitação deste método está no número de árvores amostradas em cada ponto, o que torna necessário assumir uma distribuição espacial completamente aleatória, para que se possa ter uma estimativa mais precisa da densidade. Portanto, torna-se menos acurada, resultando em super estimativas na densidade quando a população é uniforme ou subestimativas na densidade, para populações agregadas. Este método apresenta vantagens como a redução da influência da forma da parcela, facilidade na locação dos pontos de amostragem, maior área de amostragem, maior consistência na comparação dos resultados obtidos em diferentes povoamentos do mesmo tipo de vegetação, ganho de tempo no campo, maior rapidez e eficiência, e menor necessidade de equipamentos e pessoal.
Já o Método de área fixa consiste no estabelecimento em campo de pequenas unidades amostrais distribuídas pela área de estudo, possibilitando uma representação adequada da diversidade local. As unidades amostrais devem possuir forma e tamanhos predefinidos. O tamanho das parcelas deve ser coerente com a estrutura da comunidade estudada. Este método possui vantagens como a possibilidade de obter todos os estimadores diretamente na unidade amostral, praticidade e simplicidade no estabelecimento das unidades amostrais em campo. Como principais desvantagens temos um maior custo na instalação e na manutenção das unidades amostrais e número elevado de indivíduos mensuráveis. Este tipo de amostragem pode ser utilizado em estudos de monitoramento e de mudanças de uma mesma comunidade em períodos de tempo por meio do uso de parcelas permanentes.
Um outro método é o de Bitterlich, que consiste em contar as árvores em um giro de 360º, cujos diâmetros à altura do peito (DAP) são iguais ou maiores que a abertura angular. Dessa forma, a seleção das árvores é feita pela área basal e pela distância. Quanto menor a distância ponto-árvore e maior o seu DAP, maior será a probabilidade do indivíduo ser amostrado. As vantagens são a fácil operacionalização em campo e os poucos erros de demarcação, estabelecendo uma rede de pontos amostrais bem distribuídos dentro da comunidade e permitindo, assim, uma visão mais abrangente. Porém, possuem pouca aplicação no Brasil, restringindo-se a estudos acadêmicos, com objetivo de comparar a eficácia entre metodologias de amostragem em estudos florestais.
Levantamentos fitossociológicos como importante ferramenta
As comunidades vegetais representam tipologias reconhecidas por sua composição florística e sua estrutura, associadas às suas relações com o meio ambiente. Por meio dos levantamentos fitossociológicos é possível reconhecer espécies ocorrentes em uma comunidade e estas informações servem de base para estratégias de manejo que podem garantir a conservação e funcionamento de ecossistemas terrestres. Tal conhecimento se constitui em uma ferramenta contemporânea para o estudo científico da vegetação com aplicações no ordenamento, planejamento, gestão territorial e espaço florestal.
Portanto, os estudos fitossociológicos de uma floresta representam o passo inicial para o seu conhecimento, pois, quando associados à sua dinâmica, pode-se construir uma base teórica para subsidiar a preservação e o uso de recursos da flora, a conservação de ecossistemas e a recuperação de áreas ou fragmentos florestais degradados, contribuindo substancialmente para seu manejo.
Apesar dos esforços despendidos, as pesquisas conduzidas para estudos fitossociológicos no Brasil ainda são consideradas insuficientes. Assim, um maior investimento nestes estudos permitirá um avanço mais consistente para as ações de conservação e uso da natureza.
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