As mudanças climáticas podem ser associadas a eventos naturais como a alteração da incidência solar e aos movimentos orbitais da Terra, entretanto, as ações antrópicas vêm influenciando consideravelmente essas mudanças, tendo interferência direta na Floresta Amazônica.
A Amazônia é considerada uma região que influencia diretamente o equilíbrio climático global, pois suas florestas, durante a fotossíntese, absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) ajudando a regular esses gases poluentes na atmosfera, mas devido a essas mudanças, ela está deixando de ser um regulador e se tornando um emissor de gases poluentes, consequência das suas secas e queimadas.
Causas antrópicas das Mudanças Climáticas
Desde 2000, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) causadas pelas ações antrópicas aumentaram em todos os setores. Sendo o fornecimento de energia o maior contribuinte, responsável por 35% das emissões de CO2 em 2010, com previsões de aumento, além disso, as mudanças no uso do solo, principalmente devido ao desmatamento, contribuíram com 24% das emissões líquidas antrópicas em 2010. Ademais, outros setores importantes, como a indústria, transportes e construção civil, todos apresentam projeções de aumento significativo das emissões nas próximas décadas (SILVA; COLOMBO, 2019).
Além disso, o crescimento econômico e populacional impulsiona essa tendência, com áreas urbanas consumindo a maior parte da energia e emitindo a maioria dos GEE. Estudos mostram que as emissões antrópicas de CO2 desde 1750 são a maior contribuição para o aquecimento global, evidenciando o impacto significativo das atividades humanas no sistema climático.
Essas atividades não só aumentam a quantidade de CO2 na atmosfera, mas também influenciam outras emissões como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx), que têm efeitos complexos sobre o balanço radiativo da Terra. Em resumo, as ações humanas são uma força motriz crucial por trás da crise climática observadas atualmente.
Impactos e consequências da instabilidade climática na Amazônia
Alterações nos Padrões de Chuvas
Estudos mostram que a região está experimentando períodos de seca mais frequentes e intensos, consequentemente, essa alteração pluviométrica está afetando a biodiversidade e os ciclos hidrológicos, bem como promovendo consequências devastadoras para a flora e fauna locais .
Aumento das Temperaturas
O aumento das temperaturas contribui para a intensificação das secas e para a maior frequência de incêndios florestais, sendo que a Amazônia anualmente vêm registrando temperaturas médias mais altas, o que agrava a vulnerabilidade da floresta à incêndios e desmatamentos.
Biodiversidade
A seca afeta drasticamente a biodiversidade da Amazônia, logo, espécies de plantas e animais que dependem de um ambiente úmido enfrentam risco de extinção, consequentemente a perda de biodiversidade reduz a resiliência do ecossistema e afeta serviços ecológicos essenciais, como a polinização e o ciclo de nutrientes .
Populações Indígenas e Comunidades Locais
As comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem da floresta para sua subsistência são diretamente afetadas pelas secas e queimadas e devido a escassez de água e alimentos, a saúde e o bem-estar dessas populações é prejudicada, além de ameaçar suas práticas culturais tradicionais .
Economia Regional
A economia regional, baseada em atividades como a agricultura, pesca e coleta de produtos florestais, sofre com as secas, sendo assim, ocorre a redução da produtividade agrícola e a destruição de recursos naturais impactam negativamente a subsistência das comunidades locais e a economia regional .
Medidas de Mitigação e Adaptação frente a crise climática
Conservação e Reflorestamento
Iniciativas de conservação e reflorestamento são cruciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, bem como, projetos como o “Arpa” (Áreas Protegidas da Amazônia) que visa preservar grandes áreas da floresta e restaurar áreas degradadas .
Políticas Públicas e Acordos Internacionais
Políticas públicas são eficazes e a implementação de acordos internacionais, como o Acordo de Paris, são essenciais para combater as mudanças climáticas, uma vez que o compromisso global de reduzir as emissões de GEE e proteger as florestas é fundamental para o futuro da Amazônia .
Tecnologias e Práticas Sustentáveis
A adoção de tecnologias e práticas sustentáveis, como a agrofloresta e a agricultura sustentável, pode reduzir o impacto humano na Amazônia, ademais, essas práticas promovem o uso responsável dos recursos naturais, ajudando a manter o equilíbrio ecológico .
Conclusão
As secas e o desmatamento criam um ciclo vicioso que exacerba as mudanças climáticas, em resumo, menos árvores significam menos sequestro de CO2, o que leva a um maior aquecimento global e, por sua vez, mais desmatamento e degradação florestal.
A Amazônia desempenha um papel crucial no equilíbrio climático global e na biodiversidade, ou seja, a preservação da floresta é essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, proteger a biodiversidade e garantir a subsistência das comunidades locais. Bem como, ações coletivas e políticas eficazes são necessárias para preservar este ecossistema vital para o nosso planeta.
Saiba mais em:
CONTI, José Bueno. Considerações sobre as mudanças climáticas globais. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, Brasil, v. 16, p. 70–75, 2011. DOI: 10.7154/RDG.2005.0016.0007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rdg/article/view/47286.. Acesso em: 31 maio. 2024.
NOBRE, Carlos A.; SAMPAIO, Gilvan; SALAZAR, Luis. Mudanças Climáticas e Amazônia. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 59, n. 3, p. 22-27, jul./set. 2007. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252007000300012&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em: 26 maio 2024.
SILVA, Karine Zortea; COLOMBO, Renata. Mudanças Climáticas: Influência Antrópica, Impactos e Perspectivas. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 8, n. 3, p. 47–68, 2019. DOI: 10.21664/2238-8869.2019v8i3.p47-68. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2837. Acesso em: 31 maio 2024.
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