Sabe-se que as mudanças climáticas atuais decorrem de ações humanas, principalmente após o desenvolvimento industrial. Como resultado, geram-se impactos diretos na natureza, como desertificação de florestas e maior frequência de eventos climáticos extremos. Contudo, esquece-se que a humanidade é parte da natureza. Portanto, também há impactos sociais e econômicos. Nesse sentido, as mudanças climáticas afetam o PIB mundial, isto é, a produção de bens e serviços.
O Produto Interno Bruto
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) é um índice econômico de produções nacionais, estaduais e municipais. Para tanto, soma-se todos os bens e serviços finais produzidos. Posteriormente, também pode-se realizar análises nas três esferas citadas e, ainda, a nível global. Cabe ressaltar que o PIB não representa a riqueza do país, nem mesmo a distribuição de renda ou a qualidade de vida de uma população. Em outras palavras, o PIB apenas indica o fluxo de novos bens e serviços produzidos em um determinado período. Nesse sentido, caso o país não produza nada, seu PIB é zero.
O PIB é considerado um importante indicador por facilitar a análise do crescimento econômico do país. Se o PIB do país está alto, significa que a economia do país está crescendo. Do contrário, a economia está recuando. Contudo, de acordo com o estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, as mudanças climáticas oferecem risco para o PIB global, impactando aproximadamente 4% da produção econômica. Com isso, reforça-se a urgência em investir em projetos comprometidos com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente.
Relação entre as mudanças climáticas e a geração de produtos
Dentre os eventos decorrentes das mudanças climáticas, incluem-se grandes tempestades, inundações, ondas de calor e escassez de água. Tais transformações nos padrões de temperatura e clima também afetam diretamente a biodiversidade, uma vez que obriga o deslocamento, altera a distribuição geográfica e, ainda, pode levar à extinção. Conforme já mencionado, por trás disso se tem a ação humana, que explora os recursos naturais de maneira irresponsável, desmata e polui o meio ambiente constantemente.
No entanto, cabe ressaltar que a natureza é cíclica. Apesar dos seres humanos afetarem o meio ambiente, os impactos retornam para a própria espécie, bem como suas produções. É inevitável. Atualmente, as maiores produções incluem os setores de agropecuária, petróleo e gás natural, mineração e energia; também incluem os serviços como ensino, transportes, informação e comunicação. Mas, em suma, a matéria-prima sempre é um recurso natural.
Dessa forma, quando as mudanças climáticas alteram o equilíbrio climático e dos ecossistemas, alteram as disponibilidades dos recursos naturais, bem como a qualidade dos produtos. Com isso, também geram oscilações de produções e valores.
Mudanças climáticas e o setor agropecuário
Sabe-se que o setor agropecuário é um dos principais emissores de gases do efeito estufa (GEE), fator este que potencializa as mudanças climáticas. Contudo, o setor também sofre com as consequências, uma vez que perde a produtividade. Segundo Cuandra et al. (2018), os riscos na agricultura podem ser categorizados em dois tipos: relacionados a eventos extremos, como ventos fortes, altas ou baixas temperaturas e chuvas intensas; ou a eventos cumulativos, como secas prolongadas e temperaturas limitantes por longos períodos.
Tal comportamento significa que o setor agropecuário afeta e é afetado pelas mudanças climáticas. A alteração do regime de chuvas, por exemplo, reduz o plantio das safras anuais, como de soja e milho. Ainda, há o aumento de frequência de ondas de calor e secas. Ambos prejudicam o desenvolvimento dos grãos e a qualidade das pastagens. Além disso, com uma mudança abrupta, pode-se gerar morte de animais, visto que estes não estão mais adaptados ao ambiente. Assim, as produções tornam-se imprevisíveis.
Mudanças climáticas e o setor de mineração
De acordo com o guia “Mineração resiliente” (2021), o setor de mineração tem sentido os efeitos das mudanças climáticas. Segundo o documento, as mudanças climáticas têm afetado a viabilidade das operações de mineração. Além disso, há um aumento nos custos de operação e transporte. A explicação está atrelada ao fato da infraestrutura para extração de minérios não estar adaptada às irregularidades do clima.
Alguns dos exemplos de riscos associados às mudanças climáticas são:
- menor disponibilidade hídrica;
- instabilidade e rompimento de barragens por oxidação de estruturas metálicas;
- inundações;
- perdas de produções;
- fechamento de minas;
- aumento de ondas e ilhas de calor.
Nesse sentido, as mudanças climáticas afetam diretamente a produção e a lucratividade.
Mudanças climáticas e o setor energético
Sabe-se que o setor energético também emite gases do efeito estufa em altas quantidades. No Brasil, este é classificado como o terceiro maior setor emissor de GEE. Contudo, as mudanças climáticas afetam diretamente a distribuição de energia. As causas são duas: as mudanças do clima alteram a disponibilidade de recursos naturais, portanto, a geração de energia é comprometida; e, ameaçam a infraestrutura e instalações de conversão de energia, podendo, ainda, atingir a eficiência dos aparelhos e máquinas.
Relatório do Fórum Econômico Mundial: mudanças climáticas e PIB
Posto alguns exemplos sobre como as mudanças climáticas impactam as produções, é possível compreender melhor como os eventos climáticos afetam o cálculo do PIB, independente do nível de atividade. Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, as mudanças climáticas podem causar uma perda de 4% da produção econômica mundial até 2050. Para análise, foram considerados os impactos do aumento do nível do mar, ondas de calor, secas e tempestades regulares.
Considerando as políticas enfraquecidas para conter as mudanças climáticas, os países menos desenvolvidos serão os mais impactados. Estimam-se perdas no PIB 3,6 vezes maiores do que as nações mais ricas. Devido aos incêndios florestais e escassez de água, até 18% do PIB do sul da Ásia estará em risco. Ainda, regiões da Ásia, África e Oriente Médio também terão o PIB afetado, no entanto, por tempestades e inundações. O relatório também aponta que os países que se apoiam no setor de agricultura serão consideravelmente afetados, bem como países equatoriais.
Com a crise do clima, deve-se considerar o Brasil como um dos países a serem afetados. De acordo com relatórios do IPCC, o PIB per capita brasileiro já foi 24,5% menor devido aos fatores climáticos, entre os períodos de 1961 a 2010. O aumento das temperaturas podem reduzir as produções agrícolas, com risco de aumentar as perdas de maneira drástica. No pior cenário, pode ocorrer a escassez de alimentos.
Índices econômicos e a saúde ambiental
Não se pode esquecer que a espécie humana é parte da natureza. Além disso, a mesma é um sistema vivo, que reage. Agora, cabe repensar se os índices utilizados até aqui são de fato ideais. Antecipo-me respondendo que não, pois, os dados demonstram os níveis de produção por atividades. Isso indica que, no sistema atual, busca-se apenas a alta produção e bons desempenhos econômicos, independente de seus impactos.
Dessa forma, mesmo sendo afetado pelas mudanças climáticas, desconsidera-se a saúde do ambiente. Quer dizer, mesmo diante de tais dados, dificilmente as mudanças climáticas atuarão como eixo estruturante no desenvolvimento produtivo. Caso não ocorram mudanças, os modelos atuais de produção continuarão a se sobressair ao meio ambiente, visto algumas medidas ambientais do governo brasileiro.
Links relacionados
- Cuandra et al. (2018) – Mudanças climáticas e agropecuária brasileira
- IBRAM – Mineração do Brasil (2021) – Mineração resiliente
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