A prognose de crescimento diamétrico é um importante instrumento adotado para a execução do manejo florestal, uma vez que, o modelo visa simular as variáveis florestais no futuro.
A obtenção de dados como incremento médio, ingresso e mortalidade permite definir o ciclo de corte das espécies florestais que serão manejadas. Além disso, possibilita uma exploração de forma planejada dos recursos florestais demandados, mantendo a floresta nativa em pé.
Contextualização
O termo “Prognose” define-se por: “suposição que, baseada em eventos atuais, traça uma previsão sobre o que deverá acontecer”.
Logo, a prognose de crescimento diamétrico nada mais é que a simulação de variáveis florestais para o futuro, a partir da distribuição diamétrica das árvores.
Em suma, calcula-se a prognose de crescimento diamétrico a partir da obtenção de dados oriundos da execução de inventário florestais contínuos sob um determinado período. A partir dessa coleta, modela-se as variáveis obtidas no presente, projetando-as para o futuro.
Modelos de distribuição diamétrica
A saber, a modelagem de crescimento e produção florestal abrange desde modelos estatísticos simples de povoamento, pela relação do diâmetro ou altura média com a idade do povoamento, até modelos que utilizam as distâncias entre árvores, índices de sítio e área basal do povoamento. Tal procedimento se dá para que, empiricamente, possa simular a competição entre árvores por água, luz e nutrientes.
Dessa forma, os modelos de crescimento e produção classificam-se como: de povoamento total, de árvores individuais e de distribuição diamétrica. A saber, emprega-se cada um segundo o nível de detalhe desejado.
Em síntese, os modelos de distribuição diamétrica estimam a densidade por classe de diâmetro, nas idades presentes e futuras. Estes modelos fundamentam-se em funções de densidade e probabilidade, por exemplo, a função de Weibull, matrizes de probabilidade de transição e inteligência artificial.
Matriz de transição ou Cadeia de Markov x Razão de movimentação
Dois dos mais conhecidos modelos de distribuição diamétrica são a matriz de transição, ou Cadeia de Markov, e a razão de movimentação.
Matriz de transição ou Cadeia de Markov
Dentre os modelos por classe de diâmetro, a Cadeia de Markov, ou matriz de transição, é um importante instrumento para viabilizar a prognose da produção em florestas nativas.
Em suma, a partir deste método, realiza-se a prognose por meio da estimativa da probabilidade da transição dos diâmetros entre classes diamétricas. Em outras palavras, projeta-se os valores de diâmetro para o futuro, a partir da matriz de probabilidade de transição.
Portanto, obtêm-se as probabilidades da matriz de transição, em um determinado período de medição, pela razão das mudanças ocorridas numa classe diamétrica (por exemplo: árvores que mudaram de classe, árvores mortas e árvores que permaneceram na classe), pelo número de árvores existentes na classe diamétrica em questão no início do período de crescimento.
Em conclusão, a matriz de transição ou Cadeia de Markov é uma técnica muito empregada em florestas inequiâneas. Também, a matriz é usada para descrever os processos de sucessão florestal, obtendo resultados que seguem a tendência das distribuições diamétricas típicas das florestas da Amazônia e em outras regiões do Brasil. Tal fato se dá por considerar o ingresso, a mortalidade e a transição inicial de árvores entre as classes diamétricas.
Entretanto, essa técnica não considera as mudanças da mortalidade ao longo do tempo e a passagem de árvores entre as classes fica restrita ao período considerado na construção da matriz.
Razão de movimentação
Igualmente à Cadeia de Markov, a razão de movimentação é um importante modelo utilizado para a prognose em florestas nativas, sendo definida como a proporção de árvores que avançaram no lado direito das classes de diâmetro.
A saber, essa metodologia utiliza o diâmetro das árvores em um determinado intervalo, o ingresso, a mortalidade e o incremento diamétrico médio.
Na razão de movimentação, assume-se que as árvores estão distribuídas uniformemente no interior das classes, onde cada árvore cresce a uma taxa média. Em suma, a distribuição das árvores no interior das classes é desconhecida, mesmo assim assume-se que ela é uniforme. A partir daí, assume-se a proporção de árvores que passam de uma classe para outra como razão de movimento.
Na interpretação da razão de movimentação (RM), os primeiros dois dígitos da direita indicam a porcentagem de árvores que avançam uma classe de diâmetro em relação ao terceiro dígito a direita.
A exemplo, se a RM for igual a 24,14% para a classe 7,5 cm, no período de 1986 a 1990, permite-se interpretar que 24,14% das árvores existentes em 1986 moveram-se para a classe 12,5 cm, enquanto 75,86% das árvores permaneceram na classe em 1990.
Objetivos da prognose de crescimento diamétrico
Em florestas nativas que apresentam grande grau de complexidade em sua composição, com muitas espécies apresentando as mais diferentes características silviculturais, ecológicas e tecnológicas, poucas são as informações de como as plantas crescem.
Um dos importantes pontos a serem abordados para estas florestas é a definição do ciclo de corte. Além disso, o conhecimento de como o número de árvores por classe de diâmetro evoluiu ao longo do tempo. Nesse sentido, a análise da distribuição diamétrica ao longo do tempo pode subsidiar decisões silviculturais como a intensidade e ciclo de corte em florestas manejadas, ao nível de comunidade e/ou por espécie, permitindo o uso sustentável em diferentes cenários de colheita.
Por fim, modelar a distribuição diamétrica, projetando-a ao longo do ciclo de corte, é essencial para o conhecimento mais detalhado da estrutura da floresta e sua produtividade.
Prognose de crescimento diamétrico e o manejo florestal
O estudo de projeções facilita o planejamento do manejo florestal. A saber, esta atividade define-se como a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais de forma sustentável.
Em síntese, considera-se o manejo florestal como uma boa alternativa para garantir a continuidade da produção de madeira, sem que haja a alteração de uso do solo nas áreas manejadas. Contudo, para tal, necessita-se valer de informações sobre incremento, crescimento no tempo, ciclo de corte entre intervenções, produtividade, taxa de regeneração, dentre outros. Estas informações são necessárias para se estabelecer o manejo sustentável, visando o uso múltiplo e perpetuidade dos seus fragmentos.
Todo esse planejamento é feito por meio de estudos de prognose e análises de monitoramento. A partir das informações obtidas é possível entender dos processos que levam as mudanças na estrutura da floresta. Desse modo, o manejo das florestas, passa obrigatoriamente pelo conhecimento dos processos de dinâmica de crescimento obtidos por meio da prognose.
Links Relacionados
- Diametric growth prognosis of a restored area in the Cerrado biome;
- Prognose da distribuição diamétrica por matriz de transição em floresta após colheita no leste da Amazônia.
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