O ano mal começou e já vemos algumas diferenças positivas em relação aos anos anteriores. Além dos investimentos, vemos uma notável melhora nas ofertas de vagas de empregos no setor.
Desde o início da crise econômica, as empresas lutaram para manter a saúde financeira. A satisfação de deixar para trás as decepções de 2017 e a expectativa da retomada econômica em 2018, renova os ânimos do setor florestal. A previsão de crescimento é bastante real, mas é importante que o governo cumpra o seu papel, principalmente nos assuntos ligados à legislação trabalhista e tributária, além de resolver os assuntos que retiram a competitividade brasileira frente a outros países.
Saiba Mais: O que aprendemos com mais de 10.000 inventários florestais
As boas notícias do início do ano, como a redução da inflação e a consequente queda na taxa básica de juros podem, a médio prazo, contribuir com o resultado financeiro das empresas. Espera-se também que o aumento do preço dos insumos que afetou os custos das empresas nestes últimos dois anos sejam minimizados em 2018.
A melhora observada nos números do ano passado também contribuem para o otimismo deste ano. O Brasil está entre os principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira no mundo, com exportações que trazem inegável contribuição para a balança comercial e geram muitos empregos e renda em todas as regiões do País. De janeiro a novembro de 2017, as vendas para o mercado externo de celulose cresceram 3% na comparação com mesmo período em 2016, alcançando 12,1 milhões de toneladas. Neste ano, a China deve se manter como principal destino da celulose produzida pelo Brasil com 39,2% de participação, representando uma receita de US$ 2,25 bilhões (+17,9%). Já as exportações de painéis de madeira aumentaram 26,3%, atingindo 1,17 milhão de metros cúbicos e as vendas externas de papel ampliaram 0,9%, com mais de 1,9 milhão de toneladas.
De acordo com a Indústria Brasileira de árvores, as receitas das exportações do setor produtivo de árvores plantadas somaram entre janeiro e novembro de 2017 US$ 7,7 bilhões, um crescimento de 11,4% em relação ao mesmo período de 2016. O impacto do setor na balança comercial foi um superavit de US$ 6,8 bilhões, um avanço de 13,1%. Esses números também servem para reforçar o potencial de melhora do mercado.
Ainda falando sobre as perspectivas, em sua última projeção para a população, a ONU revelou que para 2050 a projeção é de uma população de 9,3 bilhões de pessoas, com mais de 10 bilhões em 2100. Para atender esse volume crescente, em um cenário de baixo carbono, energias renováveis e desmatamento líquido zero, serão necessários cerca de 250 milhões de hectares adicionais de florestas plantadas no mundo.
Assim, mesmo com o mercado interno ainda em baixa, o cenário de exportações ganhará força e deverá registrar mais um ano de resultado positivo e o atual movimento em prol do clima deve aumentar a demanda por produtos sustentáveis, renováveis e recicláveis, como as florestas. O aumento da produção ocorrerá em conjunto com a preocupação com o meio ambiente, sendo o setor essencial para equilibrar o atendimento às demandas da população com capacidade de regeneração dos recursos do planeta. A expectativa é que a utilização das tecnologias mais avançadas de produção permita aproveitar, no futuro, 100% da floresta, possibilitando novos usos, como a lignina, o etanol de segunda geração, uma nova geração de bioplásticos, nanofibras e óleos. Assim, as árvores serão também provedoras de matéria-prima para outros segmentos produtivos, entre eles, as indústrias automobilística, farmacêutica, química, cosmética, aeronáutica, têxtil e alimentícia.
A expansão das florestas plantadas e restauração de áreas degradadas também têm potencial. Para as empresas e produtores florestais é importante também estar atento às novas tecnologias, como a biorrefinaria, a nanotecnologia e a biotecnologia.
Como líder mundial em produtividade de madeira, o setor florestal brasileiro tem como desafio intensificar a sua produção para atender a esta crescente demanda por fibras, madeira, energia e tantas novas aplicações ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, sempre comprometido com o manejo sustentável das florestas, que exercem papel relevante na proteção e conservação dos ecossistemas.
Entenda também: Custos e orçamento do inventário florestal
Uma grande aposta é o mercado de biomassa florestal, que deve se consolidar como promissor a partir de 2018. Relacionado a isso, a notícia sobre o investimento estrangeiro de 1 bilhão na fábrica de pellets em Pinheiro Machado, no Rio Grande do Sul, reforça as expectativas sobre a área. O insumo para a produção serão 96 mil hectares, localizados em um raio de 50 quilômetros (que haviam sido plantados para o antigo projeto da Votorantim). Quando a indústria estiver pronta, serão gerados 800 empregos somente na parte da colheita.
Não há previsão de grande melhora em relação ao preço da madeira, mas a tendência é que os preços se estabilizem.
De modo geral, começamos o ano com uma grande expectativa de melhora e de investimento no setor.
Referência Bibliográfica
- Relatório Anual 2017 / Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) – Brasília: 2017.
Veja também:
- Estudo de dinâmica em florestas nativas
- Tecnologias para inventário florestal
- Amostragem sistemática
__________ xxx __________