Do campo até o produto final, o setor de base florestal é responsável em seus processos e está apto para atender consumidores de todos os cantos do mundo com anseios de responsabilidades sociais, ambientais e de produtos essenciais. Além disso, atualmente sabemos que da árvore e de todos os seus subprodutos podem ser obtida matéria prima renovável para a fabricação de aproximadamente cinco mil produtos.
Neste texto, veremos como o setor atua de forma sustentável ao longo de toda a cadeia produtiva, ao passo que vem investindo em pesquisa e desenvolvimento que trazem inovação e novas possibilidades de utilização da madeira.
Sustentabilidade
A visão da sustentabilidade é prioritária na agenda e nos planos estratégicos das empresas da cadeia produtiva de árvores plantadas. O conceito se apoia em um tripé econômico, ambiental e social. Alinhar resultados financeiros, conservação ambiental e bem-estar da população é condição para o sucesso, o desenvolvimento e a continuidade do próprio negócio. Do campo até o produto, o setor de base florestal brasileiro é responsável em seus processos, tanto que o cuidado ambiental é reconhecido mundialmente e chancelado por selos e certificações internacionais, demonstrando à sociedade que esta é uma indústria que fabrica produtos de origem ambientalmente correta, renovável, biodegradáveis e recicláveis.
Durante o ano de 2019, o setor contabilizou um total de 5,9 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente (APP’s), Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), um tamanho maior que a área do Estado do Rio de Janeiro. Desse total, 3,8 milhões de hectares são RLs, 1,5 milhão são APP’s e 67 mil RPPN’s. Já os 387 mil hectares das áreas de Alto Valor de Conservação são extremamente importantes por possuir concentração significativa de valores relativos à conservação de flora e fauna, prestação de serviços ecossistêmicos e para preservação da identidade cultural tradicional de comunidades locais.
Com relação aos Investimentos Socioambientais temos que o setor de árvores cultivadas segue cuidando de seus colaboradores, visto que em 2019 despenderam R$ 828 milhões em projetos socioambientais nas áreas de educação, saúde, treinamento e capacitação profissional; nas boas práticas de manejo florestal, na certificação das florestas e de seus produtos e no uso consciente dos recursos naturais. Grande parte deste volume de investimentos foi aplicada em diversos projetos, sendo a maior destinação (R$ 400 milhões) para os programas socioculturais.
Essas iniciativas e atividades geram relevante valor social em regiões distantes dos grandes centros urbanos do País para a melhoria das condições de vida, de capacitação e das parcerias com pequenos produtores dos programas de fomento florestal. A prática é uma alternativa para abastecimento das empresas e traz benefícios tanto para o produtor quanto para a comunidade. No que diz respeito ao produtor rural, os benefícios referem-se ao aumento da renda e à diversificação da produção. Para a comunidade, eles incluem a possibilidade de criação de novos negócios florestais e a geração de empregos na região. Foram mais de 6,9 milhões de pessoas beneficiadas pelos diversos projetos e programas, permitindo melhorar a qualidade de vida. Em relação ao total de municípios, 21% foi beneficiado com projetos de educação e treinamento e 19% com projetos relativos ao meio ambiente.
P&D, Inovação e Novos Usos
A cadeia de produção de árvores vem ao longo da sua história investindo constantemente em ciência e tecnologia para trazer cada vez mais soluções e produtos alinhados com a bioeconomia e baixa emissão de carbono.
Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, inovação e novos usos em produtos e processos são extremamente importantes para o setor desde a matéria-prima até o produto final e a gestão de resíduos. O resultado é que a árvore plantada e todos os seus subprodutos podem servir como matéria prima renovável para a fabricação de aproximadamente cinco mil produtos, alguns já amplamente estabelecidos no mercado, outros esperando para ganhar escala e/ ou em fase de testes.
Por exemplo, produtos fabricados com celulose vão desde o tradicional papel até espessantes usados no sorvete, maquiagens e cosméticos, produtos de higiene pessoal, medicamentos e tecidos. Este é um mercado que vem crescendo muito nos últimos anos. Na área têxtil, por exemplo, a viscose, tecido produzido a partir da celulose solúvel, representa 7% do mercado, mas ainda há muito mercado para conquistar visto que cerca de 64% dos tecidos que usamos atualmente são sintéticos, ou seja, obtidos a partir de origem fóssil.
Outro exemplo disso se dá pela tecnologia em desenvolvimento de extração de celulose nanocristalina (CNC), produzida 100% a partir de fontes renováveis para criar soluções de embalagens de papel mais sustentáveis e com barreiras biodegradáveis. A nanocelulose, obtida através da divisão da fibra de celulose até que tenha cerca de 1mm de comprimento, é uma espécie de gel que pode ser aplicado nos papéis, no cimento, nos plásticos, nas tintas, nos tecidos, em substituição aos materiais oriundos do petróleo, dando resistência, viscosidade e outras características que adicionam valor aos produtos obtidos.
Dados de Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento de 2019 mostram que 2% dos investimentos anuais foram destinados para a inovação, o equivalente a quase R$ 50 milhões distribuídos na área florestal e industrial. Deste montante, parte foi direcionada para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): 1,5% no âmbito florestal, o equivalente a R$ 25,5 milhões, e 0,8% no âmbito industrial, que representa R$23,8 milhões.
Na parte florestal, o investimento em tecnologia está ligado aos programas de melhoramento genético, novas técnicas de manejo de campo e de viveiro, automatizações e aprimoramentos em cada processo da produção, compra de maquinários e implementos, treinamentos e workshops. Na parte industrial, os investimentos em tecnologias estão relacionados ao aprimoramento de produtos e/ou processos já existentes, aquisição de máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes, desenvolvimento de novos produtos sustentáveis, redução no consumo de energia e/ou redução do consumo de combustíveis fósseis. Este é um setor que está fundamentado na ciência. As empresas de base florestal investem muito em parcerias com centros de pesquisa, universidades e startups (63%) para solucionar desafios do campo e da indústria, além de contarem com apoio de um centro de tecnologia ou plantas pilotos (15%).
O Futuro
O setor brasileiro de florestas plantadas é um exemplo de como aliar produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade. Como vimos neste texto, as práticas adotadas pelas empresas brasileiras de base florestal e o seu compromisso com a sustentabilidade estão totalmente conectados a metas globais, o que trará cada vez mais prestígio e bons resultados para o setor.
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