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Diversidade Florística Regional para o Sucesso da Restauração Florestal

Por Katucia Sandra Zatelli

Em 4 de abril de 2019
Restauração

Uns dos grandes desafios na restauração é alcançar as características da comunidade anterior, resgatar as interações e formar uma floresta resiliente. Para isso acontecer é necessário avaliar o entorno, suas características florísticas e estruturais e replicá-las na área degradada.

Alguns projetos de restauração não encontram êxito em nenhuma das variáveis que envolvam a diversidade de espécies, conectividade e interação. Mesmo com novos modelos de restauração surgindo, estes preocupavam-se apenas com a combinação de grupos secessionais, não levando em consideração a diversidade de espécies em cada grupo, o que ocasionava homogeneização artificial do ambiente com imprevisível consequência na dinâmica dessas áreas e no sucesso dos projetos de restauração.

Fatores que influenciam a seleção de espécies para a restauração florestal de áreas degradadas

Fatores limitantes definem a ocorrência da espécie em determinado ambiente, e vão desde a silvicultora, gestão, disponibilidade de sementes viáveis, qualidade genética e necessidades nutricionais. Sabemos que a natureza seleciona os indivíduos mais resistentes e capazes para se reproduzir, portanto, para a restauração, um dos aspectos que precisa ser levado em consideração é a seleção do material genético, aonde o uso de espécies regionais nativas que ocorrem em condições ambientais semelhantes à área a ser restaurada pode contribuir com o sucesso do reflorestamento. Nesse aspecto, fatores climáticos, edáficos, hidrológicos e topográficos também precisam ser avaliados, pois o ambiente pode ser menos ou mais seletivo para determinadas espécies.

Entretanto, a simples introdução de espécies da flora regional não garante a sobrevivência dos indivíduos ou a reconstrução da floresta, deve-se considerar também o processo de sucessão secundária, que é principalmente caracterizada por um aumento progressivo na substituição de espécies e alargamento da complexidade ecossistêmica.

Grupos ecológicos ou funcionais

Os grupos funcionais são espécies que desempenham funções similares em um determinado ambiente, dessa forma, tenta-se agrupar espécies em relação à função realizada para facilitar a compreensão da presente complexidade e, portanto, o funcionamento dos ecossistemas. Elas possuem exigências comuns para o desenvolvimento e são agrupadas incluindo as pioneiras, secundárias e clímax.

Tendo como principio básico a alta diversidade, elencam-se os grupos de enchimento e grupos de diversidade, aonde no grupo de enchimento estão as espécies tipicas pioneiras que tem como característica crescimento e recobrimento rápido, e o de diversidade, como o próprio nome já diz, é responsável por assegurar a diversidade na restauração, desempenhando o papel de perpetuação na área através da reconstrução das interações entre os outros grupos funcionais, ou seja, incluí todas as outras espécies florestais, com alta e baixa densidade.

Montagem do banco de dados sobre as espécies a ser usadas nos projetos de restauração

Após a escolha de espécies regionais, será necessário obter um quadro de informações sobre estas espécies, o qual será usado para alimentar os modelos de ações de restauração a ser implantado. Nesse quadro deve-se conter as seguintes informações:

  • Condições ambientais: Habitats preferenciais das espécies (tolerância ao estresse hídrico, luminosidade, fertilidade do solo);
  • Grupo ecológico: Necessário para caracterizar as espécies dentro do grupo funcional;
  • Densidade: Definição das espécies a partir da ampla distribuição, o que permitirá a definição de uma estratégia de distribuição na área a ser restaurada;
  • Síndromes de polinização e dispersão: Importante definir dados da distribuição espacial e possíveis interações com a fauna.

Número de espécies e proporção para ser usado nos modelos de restauração

Não há um número mínimo de espécies a ser usado em projetos de restauração, somente a diversidade regional de cada ambiente deve ser levada em consideração. Nesse âmbito, o total de espécies amostradas nas pesquisas realizadas em remanescentes vizinhos podem ser utilizadas como meta.

Quando o nível de fragmentação de uma determinada região for alto, mais espécies devem ser selecionadas, já que, quanto maior for a fragmentação, menor é a probabilidade da chegada de propágulos.

Nas regiões tropicais altamente fragmentadas, vários trabalhos têm demonstrado que o sucesso na restauração ecológica está relacionado com o número de espécies incorporadas nas ações de restauração, fazendo que estas florestas sejam capazes de responder a possíveis condições imprevisíveis. Recomenda-se pelo menos 50% do total de espécies conhecidas daquela formação por hectare, além de outras formas de vida para garantir que os processos ecológicos sejam restaurados. A proporção de espécies entre os grupos funcionais dependerá do modelo construído, no entanto é desejável que muitas dessas espécies sejam atrativas a fauna.

Relação Fauna e flora

A flora nos programas de restauração é colocada no contexto de recuperar os processos ecológicos na área e progressivamente a fauna voltará a colonizar o local. A maior parte das espécies vegetais dependem de vetores bióticos para polinização e dispersão, e sua ausência pode causar uma série de implicações na restauração e manutenção dos processos ecológicos.

As plantas depende dos animais para a manutenção de processos como a polinização, dispersão, herbivoria e predação, assim como os animais dependem das plantas para abrigo e fonte de alimento. A polinização quando não realizada é um grave problema para a manutenção dessas populações na área e, portanto, para a manutenção da diversidade local, além disso aumentam os custos em relação ao projeto de restauração.

Interação é portanto bi-direcional, e essa interdependência pode levar a extinção de espécies da fauna e flora causando um desequilíbrio na cadeia alimentar. Desse modo, afim de manter esse mutualismo entre plantas e animais, é importante incluir nos projetos de restauração grupos de espécies com a função de atrair fauna durante o ano todo.

A atração de animais traz dois tipos de benefícios para a área restaurada:

  • Estabelecimento de fluxo gênico entre populações de espécies comuns;
  • Vizinho remanescentes, aumentando assim a diversidade genética e o incremento da diversidade vegetal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • KAGEYAMA, P; GANDARA, F. B. 2003. Restauração e conservação de ecossistemas tropicais. In: Cullen Jr., L.; Rudran, R. and Valladares-Padua, C. (Ed.) Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre (pp. 383—394). Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.
  • MARTINS, S. V; RODRIGUES, R.R. (2002). Gap-phase regeneration in a Semideciduous Mesophytic Forest, South-eastern Brazil. Plant Ecology, 163, 51-62.
  • MARTINS, S. V; RODRIGUES, R.R. (2005). Assessing the role of the canopy gap characteristics in the regeneration of shrub and tree species in a semideciduos mesophytic
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  • SCARANO, F.R; DIAS, A.T.C. (2004). A importância de espécies no funcionamento de ecossistemas. In: Coelho, A.S.; Loyola, R.D and Souza, M.B.G. (Eds.). Ecologia teórica: desafios para o aperfeiçoamento da ecologia no Brasil (pp. 43—60). Belo  Horizonte: O Lutador.
  • SOUZA, F.M; BATISTA, J.L.F. (2004). Restoration of seasonal semideciduous forests in Brazil: influence of age and restoration design on forest structure. Forest Ecology and Systematics and Evolution, 215, 23-36.

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Autor(a)

Katucia Sandra Zatelli

Bióloga pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), e mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tem experiência nas áreas de Manejo de Animais Silvestres, Médios e Grandes Mamíferos, Restauração de Áreas Degradadas, Ecologia da Paisagem, Licenciamento Ambiental e Uso Público em Unidades de Conservação. Atualmente é Diretora Técnica da BioAmbient Consultoria Ambiental, onde atua na idealização e gestão de projetos de âmbito ambiental/social/econômico. Também é consultora ambiental externa.

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