As florestas naturais se caracterizam por ser formações vegetais com grande biodiversidade. Assim também, por abrigar uma quantidade significante de plantas e animais, possuem expressivo potencial na prestação de serviços ecossistêmicos. Além disso, os recursos naturais são fontes para os pilares econômicos, sociais e ambientais, visto que a obtenção de produtos, sejam madeireiros ou não madeireiros, são de grande importância.
Com o avanço da urbanização, tornou-se cada vez mais intensa a procura por produtos advindos na natureza, suprindo as necessidades básicas da população, e também dos setores industriais, como alimentícios, mineral, têxteis, papéis, entre outros. Além disso, as formações naturais possuem papel social fundamental, uma vez que regem a economia das comunidades do seu entorno, sendo muitas vezes a extração dos recursos naturais, a principal atividade de fonte de renda local.
Dessa forma, o conhecimento da vegetação é de extrema importância, sendo realizado principalmente por meio dos levantamentos florestais. O inventário florestal se caracteriza por subsidiar a obtenção de informações qualitativas e quantitativas, sendo assim considerado como um procedimento essencial no planejamento, manejo e uso dos recursos florestais. Além disso, o levantamento de variáveis das florestas subsidia a determinação dos processos a serem realizados na área de interesse, visto que possibilita, de acordo com os objetivos pré-estabelecidos, o conhecimento específico dos potenciais recursos da área. Nesse sentido, o inventário se define como um procedimento em que são aplicadas técnicas que propiciem o conhecimento da formação vegetal. As medições realizadas durante os levantamentos florestais fornecem desde a estimativa da área até estimativas relacionadas ao crescimento da floresta.
A partir dessa ferramenta, bem como pelo conhecimento das variáveis coletadas no inventário florestal, é possível caracterizar a formação vegetal. As informações como fenologia e florística são importantes ferramentas na determinação da diversidade, riqueza, identificação de espécies ameaçadas, raras e endêmicas, assim como permitem o conhecimento quanto a época de frutificação, floração e coleta de sementes. É a partir de tais informações que tomadas decisões quanto à conservação, preservação e exploração dos recursos são executadas.
Caracterização florística
A caracterização da composição florística de uma determinada área possui importância no que diz respeito ao fornecimento de informações sobre as espécies características do domínio, assim como permite entender os processos ecológicos ocorrentes. Tais processos são entendidos como toda e qualquer interação existente entre os componentes animais e vegetais de um ecossistema que inferem diretamente na automanutenção e funcionamento dos ambientes naturais. Nesse sentido, a composição florística é decorrente das relações existentes entre os fatores bióticos e a dinâmica da comunidade vegetal. Ainda que considerada como um procedimento essencial no conhecimento das flutuações estruturais, a caracterização florística é uma metodologia de difícil execução. A eficácia do procedimento é dada em função da utilização de métodos de amostragem específicos para cada tipo vegetacional e área. Assim, o levantamento florístico pode consistir no emprego de amostragem por meio da alocação de unidades amostrais, ponto quadrante ou censo. A partir da definição da metodologia, são mensurados os indivíduos arbóreos presentes na área e realizada a identificação taxonômica. Para tanto, em campo são coletados materiais botânicos para posterior identificação mediante consulta a literaturas específicas, herbários e especialistas. A confecção do material botânico consiste na coleta de ramos de folhas, que preferencialmente possua frutos e flores, auxiliando em uma identificação mais precisa. Após a coleta, o material botânico é levado ao laboratório, seco em estufa, armazenado e produzidas exsicatas. Com isso, cabe ressaltar que a caracterização florística demanda o conhecimento aprofundado por parte do profissional na identificação.
Caracterização fenológica
A fenologia é um importante descritor do crescimento e desenvolvimento de um indivíduo arbóreo. A partir desta caracterização é possível se estabelecer informações relacionadas aos aspectos vegetativos e reprodutivos de uma planta, auxiliando assim no conhecimento da época de ocorrência de uma determinada espécie. Além disso, a caracterização fenológica permite a avaliação da interação ambiente-planta, isto é, auxilia na compreensão dos fenômenos periódicos das árvores e a relação existente com os fatores bióticos e abióticos.
As características reprodutivas retratam sobre a frutificação, florescimento, maturação de uma espécie e deciduidade, e por isso, a caracterização fenológica pode consistir em intervalos que vão de dias a anos, a depender da espécie estudada. Normalmente, a evolução dos eventos é estabelecida em função de uma escala fenológica, avaliando a intensidade, periodicidade, frequência, duração, sincronia e época de ocorrência.
A fenologia se destaca por propiciar um entendimento aprofundado quanto a organização temporal dos recursos naturais dentro de um ecossistema, pois o ritmo fenológico é influenciado por eventos de precipitação, temperatura, bem como pelas adaptações quanto a fisiologia e morfologia dos indivíduos.
Assim, o estudo da fenologia é tido como uma importante ferramenta no estabelecimento de estratégias de manejo, garantindo eficácia nas tomadas de decisão, recomendações técnicas, estabelecimento da época de coleta de sementes, frutos e para realização do plantio.
Atualmente, na literatura florestal são encontrados diversos trabalhos que abordam a fenologia das espécies, destacando a relação existente entre o indivíduo arbóreo e características intrínsecas como clima, temperatura e precipitação de uma determinada região.
A partir do conhecimento florístico e fenológico das espécies florestais é possível inferir quanto a adaptabilidade das plantas, assim como elaborar estratégias de manejo a ser empreendido. Além disso, as informações advindas desses levantamentos permitem gerar parâmetros associados a conservação, uso sustentável e economia, bem como direcionar o uso das espécies para programas de restauração e reflorestamento.
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