Atualmente, a luta contra o desmatamento é um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade, visto que a perda de florestas desregula o clima e provoca grandes catástrofes ambientais, estas que afetam diretamente o ser humano. A saber, o Brasil lidera o ranking de países que mais desmatam. Só em 2021, o país concentrou metade das áreas de florestas desmatadas em todo o mundo. Este cenário demostra que, a luta contra o aumento dos índices de desmatamento e a implementação de novas estratégias, especialmente no Brasil, tem que continuar.
Desmatamento no mundo
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou uma pesquisa de sensoriamento remoto que mostrou que entre os anos de 2010 e 2018, a taxa de desmatamento das florestas no mundo caiu quase 30% em comparação com a primeira década do século XXI.
Em síntese, de acordo com a Pesquisa de Sensoriamento Remoto da Avaliação Global de Recursos Florestais, o desmatamento anual passou de 11 milhões de hectares por ano na década de 2000-2010, para 7,8 milhões de hectares por ano no período de 2010-2018.
Em síntese, as perdas líquidas de área florestal caíram para mais da metade durante o período do levantamento, diminuindo de 6,8 milhões de hectares por ano para 3,1 milhões de hectares.
Apesar disto, as florestas tropicais enfrentam grande ameaça, sendo alvo de mais de 90% do desmatamento global entre 2000 e 2018. Em conclusão, neste período, uma área de 157 milhões de hectares de florestas tropicais foi desmatada, o que equivale a aproximadamente o tamanho da Europa Ocidental.
Comparando os continentes, no período 2010-2018, o maior desmatamento ocorreu na América do Sul (68 milhões de hectares), seguido da África (49 milhões de hectares).
Em suma, a principal causa do desmatamento foi a expansão das terras agrícolas, totalizando 50% do desmatamento global. As plantações de dendezeiros, por si só, representaram 7% da área total desmatada. Em segundo lugar, aparece a pastagem de gado, responsável por 38,5% do desmatamento global.
Desmatamento no Brasil
Em 2021, o Brasil concentrou metade das áreas de florestas desmatadas no mundo. Ao todo, o país perdeu aproximadamente 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa no período analisado. Para se ter uma ideia, o segundo lugar no ranking (República Democrática do Congo), apresentou um índice de desmatamento três vezes menor que o Brasil, com perda de 500 mil hectares no ano em questão. Enquanto que outros países que se destacaram, como Colômbia, Peru e Bolívia, totalizaram em torno de 600 mil hectares de florestas desmatadas.
Já no início de 2022, segundo o INPE, a Amazônia Legal registrou recorde de alertas de desmatamento, foram 941,34 km² no primeiro trimestre do ano, o maior índice desde 2016.
Neste ano de 2023, a Amazônia Legal, no mês de janeiro, apresentou por volta de 121 km² de área desmatada, a terceira menor marca para o mês desde o ano de 2015.
Biomas
O MapBiomas, em 2022, mostrou que a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga foram os biomas com maiores perdas no país.
Em síntese, os três biomas responderam por 96,2% das perdas em 2021, seguidos pela Mata Atlântica que registrou 30.155 hectares desmatados no mesmo ano.
Estados apresentaram maiores taxas de desmatamento
O estado do Pará, no norte do país, foi a região com mais desmatamento da floresta. Em síntese, no ano de 2021, dos nove estados que compõe a Amazônia Legal, apenas o Amapá não apresentou aumento do desmatamento em relação a 2020.
Além de superarem a devastação registrada no ano anterior, os estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins também tiveram as maiores áreas de florestas destruídas em 10 anos.
Como resultado, em primeiro lugar, o Pará foi responsável por 4.037 km² devastados, aproximadamente 39% dos registros em toda a Amazônia. Na sequência, veio o Amazonas com 2.071 km², seguido do Mato Grosso (1.504 km²), Rondônia (1.290 km²) e Acre (889 km²).
Principais causas
No Brasil, as principais causas do desmatamento estão associadas à expansão agrícola, que aumentou 9% em 2021, comparado ao ano anterior. Também, o processo de urbanização, o crescimento do agronegócio e as práticas ilegais, como a extração de madeira e o garimpo ilegal.
Um dado curioso é que, de acordo com o relatório Anual do MapBiomas, mais de 95% da área total desmatada não possui licença de supressão vegetal.
Novas tecnologias no combate ao desmatamento
MapBiomas
O projeto MapBiomas é uma inciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida por uma rede multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia. Em suma, a iniciativa tem como propósito mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.
Como resultado, o projeto, além de produzir o mapeamento anual da cobertura do solo, monitora mensalmente a superfície de água e cicatrizes de fogo, com dados a partir de 1985. Além disso, valida e elabora relatórios para cada evento de desmatamento detectado no Brasil desde janeiro de 2019, por meio do MapBiomas Alerta.
Prodes e Deter
Criados em épocas distintas, o Prodes e o Deter são sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Estes sistemas são utilizados para o acompanhamento e o controle de desmatamento, degradação, queimadas e demais impactos sobre a floresta tropical e outros biomas. Ambos os projetos realizam o monitoramento do desmatamento por meio de imagens de satélite com diferentes resoluções e prazos de processamento.
Os sistemas são diferentes, porém complementares. O Prodes gera taxas anuais de desmatamento, apoiando políticas públicas de longo prazo para conter a destruição da Amazônia e do Cerrado. Por outro lado, o Deter traz alertas diários para agilizar e qualificar a fiscalização de órgãos ambientais e policiais na floresta.
PrevisIA
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Microsoft e o Fundo Vale lançaram esse ano (2023), a PrevisIA. Em suma, a PrevisIA, é uma plataforma que utiliza Inteligência Artificial (IA) para prever as áreas sob maior risco de desmatamento na Amazônia.
A plataforma analisa diversas variáveis para indicar as áreas sob maior risco de desmatamento. A exemplo, as estradas legais e ilegais, topografia, cobertura do solo, infraestrutura urbana e dados socioeconômicos. Para realizar essa análise, a ferramenta conta com um algoritmo de IA e com um modelo de risco, desenvolvido pelo Imazon, com recursos avançados de nuvem de computadores da Microsoft Azure.
Como resultado, além do mapa de calor, a plataforma indica a área total e o número de municípios. Também, identifica as unidades de conservação, terras indígenas, territórios quilombolas e assentamentos rurais sob risco de desmatamento na Amazônia.
Além disso, a ferramenta também possibilita a análise por estado e fornece rankings de estados e municípios com maior probabilidade de terem áreas de florestas destruídas.
Estratégias de combate ao desmatamento
Aumento da produtividade florestal e agrícola
A população brasileira tende a continuar a crescer e a demanda por áreas produtivas também, a menos que a produtividade agrícola e florestal aumente substancialmente. A produtividade florestal já atingiu 39 m3/ha ao ano para as florestas de eucalipto, dado que os fatores determinantes para atingir esse valor incluem capacidade produtiva do local, a uniformidade ambiental e a genética dos clones, isso porque afetam diretamente o potencial de crescimento e a competitividade das árvores.
Integração lavoura-pecuária-floresta (ILF)
A integração lavoura – pecuária – floresta (ILPF) é estrategicamente viável e produtiva. De acordo com a Embrapa, a ILPF torna-se uma alternativa viável de produção para recuperação de áreas degradadas. Em síntese, a integração de árvores com pastagens e/ou com lavouras é conceituada como o sistema que integra os componentes lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área.
A técnica possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo que se cria entre lavoura e pastagem.
O grande objetivo da ILPF é a mudança do sistema de uso da terra, fundamentando-se na integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada dia mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade.
Em conclusão, a ILPF se apresenta como uma estratégia para maximizar efeitos desejáveis no ambiente, aliando o aumento da produtividade com a conservação de recursos naturais no processo de intensificação de uso das áreas já desmatadas no Brasil.
PlantarFlorestas
A implantação de florestas é outra importante alternativa para diminuir a pressão sobre as florestas nativas e esse é um dos motivos, inclusive, que levou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA a lançar o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas), que objetiva aumentar a área de cultivos comerciais.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
O uso consciente e ecologicamente correto das áreas produtivas também é uma oportunidade para atrair investimentos a partir de projetos de cunho sustentável. A exemplo, os projetos do MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que foi criado pelo Protocolo de Kyoto para auxiliar o processo de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e/ou de sequestro de carbono. Estes projetos, atualmente são umas das principais formas para angariar fundos de investimentos.
Links Relacionados
Revisado por Juliane Cruz Barros em 25de abril de 2023
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