Em um inventário florestal de nativa, tão importante quanto realizar medições de qualidade, é a correta identificação das espécies. Sem esta correta identificação não tem como fazermos entrega de um relatório final confiável e isto é tudo o que não queremos fazer, não é mesmo?
Portanto, este texto traz dicas de como fazer a coleta e a posterior identificação de espécies de forma correta, o que dará mais credibilidade ao seu trabalho.
Importância da identificação das espécies
O Inventário Florestal é a base para o planejamento do uso dos recursos florestais. É através de um inventário, que caracteriza uma determinada área quantitativa e qualitativamente, que importantes decisões estratégicas são tomadas conforme o seu objetivo.
Além disso, é a partir da identificação realizada durante o inventário que se pode saber quais são as espécies (exóticas e nativas) que ocorrem em uma localidade e quais delas são as mais importantes conforme o objetivo final. Outra informação interessante é a possibilidade de identificar as espécies indicadoras de estágios sucessionais e assim entender melhor a dinâmica da floresta inventariada. Também é possível saber se há ou não espécies raras e/ou ameaçadas de extinção, assim como a localização e outras características.
Reconhecendo e identificando as espécies
Há uma sutil diferença entre reconhecer e identificar de fato uma espécie. Quando reconhecemos uma espécie estamos fazendo isso em campo, já quando dizemos que uma espécie está identificada significa que houve a confirmação da identificação por especialistas da área e/ou através de consultas em herbários físicos ou virtuais.
A correta identificação ocorre ao observar as características da planta, como casca, folhas, flores, inflorescências, frutos, entre outras características. Algumas espécies mais comuns podem ser identificadas em campo, porém outras necessitam da coleta de material botânico para que posteriormente haja a correta identificação.
Sabendo que muitas vezes não teremos outra chance de voltar a área inventariada, é importante que seja feita uma coleta de qualidade do material botânico para que a identificação aconteça com segurança. A seguir dicas para a realização de uma boa coleta.
Realizando uma coleta de qualidade
Para a identificação ou confirmação da identificação por especialistas da área, ou através de consultas em herbários é recomendável que, durante as atividades de campo, sejam realizadas as coletas de material botânico (ramos, folhas, frutos e flores) de todas as espécies arbóreas que forem medidas e que não sejam iguais àquelas que já foram coletadas em outras parcelas.
Algo muito importante a ser feito logo após a coleta dos materiais no campo é a realização de uma identificação do material coletado através do uso de etiquetas, onde será escrito o nome de referência (de maneira legível – evitar dúvidas) para posterior conferência. Uma forma comum de nomear é utilizando uma numeração crescente para indivíduos indeterminados com data, com a referência da parcela e local de coleta.
É imprescindível que todas as equipes estejam cientes da metodologia adotada para que a correta coleta e identificação através de etiquetas seja realizada de maneira satisfatória, ao seguir um padrão pré-determinado, facilitando assim o trabalho de identificação pós campo.
Dicas de coleta
Para a correta identificação da espécie é recomendável que ocorra a coleta de ramos adultos da árvore a ser identificada, se possível ramos com floração pois pode facilitar a identificação.
Quando nos deparamos com ramos de baixo alcance podemos utilizar uma tesoura de poda. Já para os ramos de alto alcance será necessário utilizar um podão. Quando as árvores são ainda muito mais altas, outros métodos alternativos, como escalada e uso do estilingue, devem ser avaliados. Importante ressaltar que não é recomendável a coleta de material que esteja no chão, pois pode não pertencer ao indivíduo em questão ou pode estar deteriorado (ataque por insetos, infestação por fungos, etc) e não ser adequado para a identificação.
Algo interessante de se fazer, e que pode facilitar na identificação, é observar demais características da árvore que teve o material coletado, como por exemplo, se esta possui porte arbóreo ou arbustivo, se há ou não presença de exsudatos, se o tronco apresenta espinhos, sapopemas, etc. Todo o tipo de informação é importante e deve ser coletada, sendo que além das anotações, podemos registrar imagens fotográficas do indivíduo como um todo e de suas porções.
Após coletados e etiquetados, os materiais botânicos devem ser acondicionados em sacos plásticos grandes e resistentes para o transporte. Posteriormente, os materiais coletados devem ser retirados com cuidado dos sacos e manipulados da melhor maneira possível para colocar nas prensas – entre papel, jornal e papelão -, com o objetivo de conservar suas características por tempo suficiente até a sua identificação. O acondicionamento dos ramos na prensa deve ser realizado o mais breve possível, de preferência no mesmo dia, evitando a deterioração do material.
Lembrando que quando os materiais são muito volumosos e de grandes dimensões, estes devem ser diminuídos para que possam ser enquadrados no tamanho da prensa (em média 40 cm X 30 cm). Já quando as amostras são maiores que as dimensões da prensa, é recomendável dobrá-las em forma de “N” ou “V”. Quando houver a coleta de frutos carnosos estes deverão ser armazenados em frascos de vidro com álcool.
Outra dica interessante é prensar as folhas de forma alternada, ou seja, algumas mostrando o lado dorsal e outras o lado ventral. O material botânico deve ser prensado entre duas folhas de papel jornal, e entre cada amostra, recomenda-se o uso de folhas de papelão para maior absorção da umidade. Esse arranjo deve ser repetido entre as amostras para que seja feita a prensagem com prensas de madeira e elástico.
Depois deste preparo a amostra irá para uma estufa de secagem, e após a secagem teremos então o que é chamado de exsicata. A partir da exsicata poderá então ser realizada a identificação botânica das espécies inventariadas por você e sua equipe.
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