O inventário florestal consiste no levantamento de características qualitativas e quantitativas da formação vegetal, permitindo assim a tomada de decisões mais assertivas quanto ao manejo das florestas. Portanto, para a mensuração e captação dessas informações, utilizam-se instrumentos específicos. Mas, você conhece quais são os instrumentos mais utilizados em medições e coletas de dados florestais? Já ouviu falar das novas tecnologias utilizadas para essas mensurações?
Conhecendo sobre a coleta de dados
Dada a importância do inventário florestal, faz-se necessário o conhecimento da dendrometria ou biometria florestal, que é a ciência que propicia a coleta de informações da floresta. A palavra dendrometria, por sua vez, é derivada dos vocábulos gregos e significa, árvore (dendron) e mensuração (metria).
Em síntese, as variáveis dendrométricas mais importantes para o inventário florestal compreendem o diâmetro à altura do peito (DAP), a altura total e o fator de forma.
Diâmetro à altura do peito (DAP)
O DAP é uma medida do diâmetro da árvore a 1,30 m de altura em relação ao nível do solo. Em suma, a partir da quantificação dessa medida é possível determinar o volume, área basal, sortimento, conhecer a estrutura diamétrica da vegetação e o grau de ocupação das espécies. Além disso, pode-se realizar a modelagem da estrutura e prognose das florestas.
Altura
A altura total é o comprimento da árvore ou do seu fuste (tronco). Esta variável é uma medida de difícil mensuração e mais propícia erros durante a coleta. Apesar disso, essa característica se constitui como uma importante variável para o cálculo do volume, assim como para determinação da qualidade produtiva de uma vegetação. A saber, para as florestas nativas, a altura subsidia o entendimento sobre a estrutura vertical da comunidade e, consequentemente, permite inferir quanto as espécies de maior importância presente na formação.
Fator de forma
O fator de forma expressa o afilamento do fuste ao longo do seu comprimento, ou seja, indica quanto o diâmetro de uma árvore diminui ao longo de sua altura. Esse fator confere mais acuracidade às variáveis calculadas a partir do DAP e da altura. Tal acurácia é principalmente verificada quando as variáveis são extrapoladas para um povoamento florestal. Em síntese, a medida nada mais é que uma conversão entre o volume do cilindro e o volume real da árvore.
Importância das variáveis florestais e dos instrumentos utilizados nas medições e coletas de dados
A mensuração das variáveis altura, diâmetro e do fator de forma permitem predizer quanto ao desenvolvimento de uma vegetação. Em síntese, para a realização de um manejo adequado da floresta é necessário que se tenha um conhecimento específico em relação ao comportamento do extrato florestal em função da interação ao meio em que o mesmo está inserido.
Logo, para o levantamento dessas informações, nos inventários florestais, é cada vez mais comum a utilização de equipamentos, sejam eles eletrônicos ou não, nas atividades de mensuração florestal. Tais como: suta, fita métrica, fita diamétrica, clinômetro eletrônico, vertex, dentre outros.
De forma geral, esses e os vários outros equipamentos, além de facilitar a coleta de dados, auxiliam na manipulação dos mesmos.
Instrumentos para mensuração do diâmetro
O diâmetro é uma medida de fácil mensuração, uma vez que se mede à uma altura de 1,30 m do solo, o que corresponde à aproximadamente a altura do peito. Alguns dos instrumentos utilizados para a mensuração do DAP, são:
Suta
Usualmente utilizada para florestas plantadas. As sutas possuem comprimento variando de 40 a 120 cm, em que as menores são geralmente aplicadas para mensurações em florestas plantadas e as maiores (acima de 80 cm) para florestas nativas. A utilização desse instrumento se baseia na realização de duas medições que devem ser perpendiculares. Faz-se a leitura do diâmetro a partir da alocação da régua graduada na árvore, realizando uma leve pressão. Como desvantagens ao uso da suta, cita-se a inviabilidade do transporte em áreas com árvores de grande porte; o travamento do braço móvel devido os resíduos que caem sobre o instrumento e o fato de se exigir a tomada de duas medições.
Suta digital
O mesmo que a suta comum, a única diferença consta-se na contribuição da tecnologia, com a presença de um visor que já disponibiliza a medida automaticamente, eliminando assim os riscos de erros grosseiros na hora da coleta dos dados em campos.
Fita diamétrica
Mais indicada e empregada para mensurações em florestas nativas, a fita diamétrica pode ser de lona ou metal. Contudo, deve-se atentar para a escolha de um material que não sofra deformações em virtude dos fatores ambientais, como o calor. A fita diamétrica possui uma graduação que corresponde à diâmetro e, além disso, pode ser encontrada com dimensão de 5 a 10 metros.
Fita métrica
Possui as mesmas exigências da fita diamétrica, contudo, não fornece muita precisão. O material encontrado é normalmente de lona ou plástico, sendo que este é altamente susceptível a deformações. Se difere da fita diamétrica em relação a mensuração da circunferência no lugar do diâmetro, necessitando da conversão do CAP (circunferência à altura do peito) em DAP, para os cálculos do inventário florestal.
Além das fitas e sutas, há também a régua de biltmore, garfo diamétrico e régua, que são instrumentos de difícil manuseio e menos empregados na área florestal.
Instrumentos para mensuração da altura
Os instrumentos direcionados para a mensuração da altura podem ser de princípio trigonométrico ou geométrico.
Suunto
Se destaca por ser um instrumento compacto. O manuseio do suunto exige que o operador trabalhe com os dois olhos abertos, sendo estes direcionados para a base e ápice da árvore, bem como para a escala onde se realiza a leitura.
Clinômetro eletrônico
A utilização deste instrumento se baseia no fornecimento da distância do observador para com a árvore. Além disso, realizam-se duas leituras: uma na base e outra no ápice da árvore, fornecendo assim a altura total.
Hipsômetro laser
Possui características similares ao clinômetro quanto a leitura, contudo não é necessário informar a distância. Recomenda-se o instrumento principalmente para a leitura da altura de árvores isoladas.
Vertex
O aparelho não exige a leitura na base, sendo necessário somente no ápice. É altamente recomendado para florestas nativas, visto que a leitura é baseada em impulsos ultrassônicos.
Hipsômetro de Christen
Realiza-se a medição da altura diretamente no aparelho e fica dispensado a medida da distância entre o observador e a árvore. Ademais, obtém-se a altura a partir de uma única leitura e não há interferências da declividade do terreno. Possui como desvantagem o adensamento da escala, gerando assim imprecisão.
Prancheta dendrométrica
Possui como vantagem a precisão na medida, visto que possui similaridade em uso com os hipsômetros comerciais. Contudo, a desvantagem está atrelada com a interferência sofrida pela declividade.
Outros instrumentos
Para a mensuração da variável altura, há também o emprego do método do bastão e de sobreposição, dentre os de princípio geométrico. Enquanto que para os de princípio trigonométrico, pode-se citar o blume-leiss e haga, que baseiam-se em distância fixa.
Além dos instrumentos para medição do diâmetro e altura, os equipamentos de apoio e proteção são importantes. A exemplo, tem-se o GPS, bússolas, medidor de espessura de casca, balizas, cadernetas, canetas, etiquetas, mochilas. Ressalta-se também, que alguns equipamentos estão relacionados para com a coleta de material botânico para posterior identificação das espécies e elaboração de exsicatas.
Novas tecnologias
Uma das novas tecnologias utilizadas para as medições e coletas de dados florestais, é o uso do Lidar. O Lidar (Light Detection and Ranging) é um sensor remoto ativo que permite a coleta de dados pela emissão de sua própria luz. Em outras palavras, o sensor independe da presença de uma fonte de luz externa, como é o caso dos sensores passivos (fotografias áreas e imagens de satélites).
Em suma, o Lidar consiste na emissão de um pulso de laser na direção de uma superfície ou objeto. Na sequência, ao atingir o alvo, a luz é refletida na direção contrária e retorna ao sistema laser. Assim, seguindo os princípios de triangulação ou da medição do tempo de retorno do pulso refletido, o sistema Lidar calcula a distância entre o sensor e o objeto.
Para os inventários florestais, o emprego dessa tecnologia tem se mostrado atrativa e eficaz, pois pode ser utilizada para um amplo conjunto de estimativas demandadas pelos silvicultores e manejadores florestais. A exemplo, para a obtenção do DAP, da altura do dossel da floresta, da área basal, do volume dos povoamentos e da biomassa florestal.
O uso do Mata Nativa Móvel para mensuração da altura
O Mata Nativa Móvel é uma extensão do software Mata Nativa. A saber, o software Mata Nativa e o Mata Nativa Móvel são um sistema especializado em inventário florestal, cujo o objetivo é agilizar a coleta de dados de campo, calcular a estatística de amostragem, eliminar o processo de digitação das fichas de campo e reduzir os custos.
Logo, através do Mata Nativa Móvel é possível fazer a coleta de dados florestais, como exemplo, a altura.
Mensurando a altura
A medida da altura é feita pelo aplicativo por meio da própria câmera do celular. Dessa forma, é necessário selecionar a árvore que será medida e acionar o ícone do lápis para editar as informações.
No campo Altura Total, você deve selecionar a opção “Celular”. No momento em que você selecionar “Celular”, a câmera do seu aparelho irá abrir dentro do aplicativo, com um alvo localizado no centro.
Inicialmente, antes de você realizar a medição, será necessário informar a altura da câmera do celular em relação ao chão. Em seguida, você deve posicionar o centro do alvo na base da árvore, e apertar “OK”, para que a distância entre a câmera do celular e a base da árvore seja medida e apresentada na tela.
Por fim, você tem que posicionar o centro do alvo no topo da árvore e apertar em “OK” novamente, para que a medida da altura da árvore seja também mostrada na tela.
Links Relacionados
- Inventário Florestal: princípios para uma aplicação prática;
- Uso do Lidar como ferramenta para o manejo de precisão em florestas tropicais.
Revisado por Juliane Cruz Barros em 30 de março de 2023
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