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O Inventário no Cerrado: Peculiaridades e Dificuldades

Por Marina Stygar Lopes

Em 4 de julho de 2019
O inventário no Cerrado tem suas peculiaridades comparado aos demais devido justamente a diversidade desse bioma brasileiro. Venha conhecer um pouco mais!

O bioma cerrado compõem-se de um mosaico vegetacional onde se intercalam formações savânicas lenhosas e campestres, e vegetação florestal. Pensando nos inventários realizados neste bioma de vegetação de natureza distinta, temos a necessidade de adoção de metodologias apropriadas para refletir as características morfológicas e estruturais do cerrado.

Mas quais são estas metodologias? Quais as particularidades do cerrado que tornam este bioma um desafio no momento de se realizar um inventário florestal? Vejamos a seguir mais informações sobre este bioma singular.

Fisionomias do Cerrado

O bioma cerrado pode ser dividido em dois: o Cerrado Stricto Sensu e o Cerradão. O cerrado sensu stricto caracteriza-se por uma camada herbácea com predominância de gramíneas e por uma camada lenhosa, que varia de 3-5m de altura, com cobertura arbórea de 10 a 60%. As duas camadas são ricas em espécies, porém as epífitas são raras. A densidade varia de 600 a 1200 plantas lenhosas com diâmetro a partir de 5 cm por hectare. As espécies herbáceas e arbustivas formam uma camada espessa, especialmente as gramíneas, sendo difícil distinguir indivíduos, pois muitas estruturas aéreas são brotações de uma mesma raiz.

Na camada arbustivo-arbórea pode ocorrer que troncos distantes entre si em vários metros podem ser provenientes de uma mesma matriz, por brotação de raiz. O cerrado sensu stricto é a fisionomia savânica mais visada para fins agropecuários, restando hoje apenas fragmentos de tamanhos diversos e sob diferentes níveis de perturbação.

Além disso, o cerrado sensu stricto evolui com a ocorrência de queimadas naturais. Muitas plantas que se reproduzem vegetativamente possuem vigorosas estruturas subterrâneas, tais como xilopódios e rizomas, que lhes asseguram a sobrevivência, mesmo que toda a estrutura aérea seja queimada. Várias espécies arbóreas possuem cascas grossas e camadas de cortiça que protegem o floema do fogo.

Veja mais: Conheça os principais Biomas presentes no Brasil

As queimadas além de alterarem a densidade de plantas das camadas arbustivo-arbóreas, modificam bastante a morfologia e estrutura da casca das espécies lenhosas, queimando o súber e tornando a forma mais irregular após a passagem do fogo, fazendo com que análises de incremento em diâmetro medidas a partir de medições consecutivas sejam imprecisas.

Já o Cerradão apresenta um dossel de 7 a 15m de altura, podendo chegar a até 20m para algumas árvores, com cobertura arbórea em torno de 70%. O sub-bosque apresenta arvoretas menores de 3m, arbustos, palmeiras acaules, ou com troncos curtos, e bromélias terrestres grandes. É uma fisionomia perenifólia, apesar de algumas espécies apresentarem caducifólio por curtos períodos, na estação seca. Esta formação, por conter também espécies florestais, sofre um maior impacto de queimadas do que o cerrado sensu stricto, além de ser muito visada para agricultura e formação de pastagem.

A flora do cerradão consiste de uma mistura de espécies comuns do cerrado sensu stricto, espécies de mata de galeria, de matas mesofíticas de encosta ou de matas mesofíticas em afloramento calcário, dependendo do tipo de solo onde ocorre. Os cerradões do Brasil Central apresentam elevada riqueza de espécies com cerca de 120 espécies vasculares por ha e densidade em torno de 1.200 plantas lenhosas, com diâmetro maior do que 5 cm por hectare.

Dificuldades do Inventário no Cerrado

Temos que muitas das variáveis utilizadas em inventários florestais foram desenvolvidas para árvores mais homogêneas, de troncos retilíneos. Estas variáveis tornam-se difíceis de serem obtidas em troncos tortuosos. Para vegetações com múltiplos troncos, oriundos de um extenso sistema radicular sob o solo, torna-se difícil inclusive definir o que é um indivíduo. Como exemplo temos o cálculo de incrementos em troncos tortuosos, ou com seções elípticas com casca espessa e sujeitas a queimadas ocasionais, que torna-se bastante impreciso para medidas repetidas em intervalos curtos de tempo neste cenário.

Em geral, devido aos troncos bifurcarem-se próximos ao solo e ao pequeno porte das espécies de cerrado, algumas delas nem atingindo 1,30m, padrão convencional de medição de diâmetros em florestas, utiliza-se o diâmetro a 30 cm do solo. Além disso, o diâmetro é medido com suta e não com fitas, pois a maioria dos troncos tem secção elíptica e seria superestimado o cálculo da área basal, que é a área do círculo. Já quando existem múltiplos troncos medem-se apenas aqueles iguais ou maiores que o limite de inclusão. Para a amostragem de cerrado no Brasil, outro ponto interessante, é o fato de ter-se adotado medir o diâmetro mínimo a 3 cm do nível do solo para a inclusão da vegetação arbórea.

Leia também: O Desmatamento e o Inventário no Cerrado

Para a elaboração de prognoses de crescimento e produção é desejável que as avaliações no cerrado sejam realizadas a intervalos constantes. Nos inventários contínuos de cerrado e de matas de galeria utilizam-se intervalos de três anos. Intervalos menores que três anos mostram-se inadequados para captar mudanças em crescimento diamétrico, uma vez que erros de medição devido à forma tortuosa do tronco, cascas ásperas e irregulares que se soltam do tronco provocam modificações nos valores sem nenhuma relação direta com o crescimento.

Outro ponto importante refere-se a época de medição. No bioma cerrado, devido a estacionalidade climática, há grande variação na espessura de cascas entre as épocas secas e chuvosa, tanto nas fisionomias de cerrado, como nas matas, recomendando-se assim que as parcelas permanentes sejam sempre medidas na época seca.

https://info.matanativa.com.br/faixa-blog-guia-para-tornar-um-expert-em-inventario-florestal

Métodos e procedimentos de amostragem para o cerrado

Uma proposta metodológica para o inventário no cerrado é a implantação de parcelas permanentes para monitoramento da vegetação, com vistas à obtenção de estimativas de mudanças em estoque e volume da vegetação, mudanças na diversidade, estrutura fitossociológica, biomassa, taxas de crescimento, recrutamento e mortalidade, sequestro de carbono ou outras variáveis.

O monitoramento de parcelas permanentes permite programar a colheita de produtos madeireiros e não madeireiros com previsão da produção florestal e, consequentemente, tornar possível prever o retorno econômico sob manejo. Com a previsão de retorno econômico se incrementa as possibilidades da floresta ser efetivamente manejada, em vez de ser convertida em agricultura ou outras atividades. A avaliação continuada da biodiversidade é outro produto dos inventários contínuos de grande valor para a conservação da natureza e que está cada vez mais sendo demandada nos inventários florestais do cerrado brasileiro.

Algumas premissas ao utilizar este tipo de parcelas trata-se de estabelecê-las no mesmo tipo de formação vegetal (ex: cerrado sensu stricto, mata de galeria, etc), ou seja, as amostragens devem ser feitas por tipologia, devendo ser de preferência, retangulares ou quadradas, pois permitem a análise de maior número de parâmetros de dinâmica do que pontos quadrantes ou outras parcelas de área variável.

Assim, surge a necessidade de preceder os inventários florestais das diferentes fitofisionomias deste bioma com metodologias padronizadas. Esta padronização é importante para a comparação adequada entre as variáveis desejadas.

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Autor(a)

Marina Stygar Lopes

Engenheira Florestal pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Gestão Florestal, Mestra e Doutoranda em Engenharia Florestal também pela Universidade Federal do Paraná. Dedica sua pesquisa ao estudo da nanotecnologia aplicada aos recursos florestais. Anteriormente a carreira acadêmica trabalhou com inventários florestais em diversas regiões do Brasil. Atualmente, também atua como redatora do blog Mata Nativa.

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