De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO a área florestal total global diminuiu de 4,28 para 3,99 bilhões de hectares de 1990 a 2015, em porcentagem essa queda foi de 31,85% para 30,85%.
A área de florestas plantadas aumentou de 167,5 para 277,9 milhões de hectares ou aproximadamente 3% da área florestal total, embora a taxa anual tenha diminuído no período de 2010-2015. Na verdade, a taxa anual requerida para suprir a demanda de madeira, nesse período seria igual a 2,4%. No entanto, foi contabilizada uma taxa 50% menor que a sugerida para suprir todas as necessidades de fibra e madeira do mundo.
Um dos mais importantes papéis das florestas é atuar como sumidouro de carbono. A saber, as formações vegetais são responsáveis por absorver o equivalente a 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. No entanto, o desmatamento é a segunda maior causa do agravamento das mudanças climáticas após a queima de combustíveis fósseis e atualmente é responsável por quase 20% de todas as emissões de gases de efeito estufa.
Uma alternativa que vem sendo difundido no setor florestal são as práticas de manejo sustentável. A ideia é fortalecer a resiliência e a capacidade de adaptação a desastres naturais. Além disso, tem-se o incentivo a implantação de florestas. O intuito é diminuir a pressão sobre as florestas nativas e aumentar estrategicamente o estoque de carbono florestal.
Surgimento do PlantarFlorestas
Diante do cenário mundial, o Brasil com seus 7,84 milhões de hectares de reflorestamento é uma das principais potências nesse quesito e o que vem se destacando nos últimos dias, promete revolucionar ainda mais os tradicionais pilares do setor. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas), com ações previstas para os próximos dez anos no país. O objetivo é aumentar em 2 milhões de hectares a área de cultivos comerciais, até 2030.
“O PlantarFlorestas apresenta um diagnóstico do setor, destacando os principais aspectos ambientais, sociais e econômicos associados ao manejo das florestas plantadas e sua indústria; as possíveis relações entre as diferentes políticas públicas relacionadas ao tema e analisa gargalos e oportunidades para o setor, propondo, ao final, uma lista de Objetivos Nacionais Florestais (ONF) e Ações Indicativas (AI) para o alcance de tais objetivos. ”
Onde estão as áreas florestadas?
Atualmente, as principais áreas de florestas plantadas estão localizadas em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A saber, o total de área plantada é equivalente a 10 milhões de hectares, com as espécies do gênero Eucalyptus sp, Pinus sp e Acacia sp.. Dentre estas, as florestas de Eucalyptus são mais difundidas em razão da sua alta produtividade, ampla adaptabilidade, rápido crescimento e retorno econômico.
O interessante é que, o tamanho da área (10 milhões) parece expressivo, mas ocupa menos de 1% da área total do país, embora seja responsável por 91% da produção industrial madeireira, que são resultados da alta produtividade florestal. E quando falamos de produtividade, o Brasil tem se destacado mundialmente, com mais de 35 m³/ha ao ano para as florestas de eucalipto. No texto “O contexto da produtividade e qualidade das florestas no Brasil” o assunto é abordado, de forma simples e mais detalhada.
Em termos de mercado internacional e exportações, os produtos florestais são superados apenas pelas vendas do complexo soja e carne. As exportações de madeiras e derivados aumentaram 16,3%. No ano de 2017 o setor respondeu por 5% das exportações totais do país e 10% das exportações do agronegócio, com um saldo positivo de US$ 10 bilhões na balança comercial.
Os segmentos com maior crescimento de demanda de 2006 a 2014 foram: placas (7,7% a.a.), celulose (4,3%), papel (3,2%), enquanto madeira serrada teve crescimento baixo (1,1%), as cadeias de energia (-0,5%) e carvão vegetal (-5,1%) encolheram. Hoje a celulose é o principal produto de exportação de origem florestal, colocando o país como o 3º maior exportador do mundo.
Objetivos do PlantarFlorestas
É importante fortalecer a presença destas indústrias florestais brasileira em mercados tradicionais internacionais que estão cada vez mais exigentes, principalmente em razão da origem dos produtos renováveis. Assim, o plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas – PlantarFlorestas pretende:
- Fortalecer institucionalmente o setor de florestas plantadas;
- Desburocratizar, aprimorar e fortalecer o sistema de defesa sanitária florestal;
- Ampliar a base de dados e informações sobre florestas plantadas;
- Ampliar a base de dados e informações sobre florestas plantadas conhecimento e a extensão rural em florestas plantadas;
- Atrair mais investimentos privados e adequar as políticas de crédito e gestão de risco rural ao setor de florestas plantadas;
- Investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de florestas plantadas e seus produtos;
- Aumentar a demanda por produtos florestais;
- Desburocratizar os processos de concessão de licenças ambientais;
- Simplificar e o sistema tributário, reduzir alíquotas de impostos e encargos sobre o setor;
- Ampliar a comunicação e a promoção comercial do setor de florestas plantadas e seus produtos;
- Propor medidas para a equalização da matriz brasileira de transportes, a melhoria da infraestrutura viária e a expansão portuária, para ampliar a competitividade na exportação dos produtos agroflorestais;
- Aumentar a participação da biomassa de madeira na matriz energética.
Essas seriam as mudanças mais esperadas desde os últimos anos para o setor florestal brasileiro. E as políticas públicas que até ontem pouco favoreciam o setor, parecem estar estrategicamente, se reformulando. Os primeiros passos estão sendo fundamentais para estruturar o novo contexto florestal que estar surgindo no Brasil. Precisamos fortalecer a capacidade técnica do setor em responder às demandas impostas pelos consumidores nacionais e internacionais. Além disso, atender os propósitos exigidos pelas COP21, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.
O que mudou cinco anos depois?
No primeiro semestre de 2023, a EMBRAPA propôs a inclusão de novos objetivos no Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas. Em síntese, a ideia é abordar sobre o carbono presente nos plantios; restauração de florestas naturais e produtos florestais e bioeconomia.
__________ xxx __________