As florestas possuem significativa importância na provisão de serviços ecossistêmicos, assim como no fornecimento de produtos madeireiros e não madeireiros, que são utilizados como subsídio na geração de renda para as populações, impulsionando, assim, os pilares social e econômico.
Contudo, nas últimas décadas, com o avanço da industrialização, urbanização, e consequente pressões impostas ao meio ambiente, a devastação dos ecossistemas naturais tem se tornado frequente. Dado tais fatores, a degradação ambiental, caracterizada pela perda ou deterioração da qualidade ambiental, resulta em perda da biodiversidade, e outras modificações na estrutura dos ecossistemas.
Dentre os principais determinantes da degradação ambiental, tem-se a poluição, desmatamento e queimadas. Tais atividades são normalmente realizadas com o intuito de, por meio da retirada da vegetação nativa, realizar atividades agropecuárias, como a criação de animais e implantação de culturas agrícolas e florestais.
Além disso, a poluição é consequência da gestão errônea dos resíduos gerados e descartados pela sociedade, em que alterações no ecossistema são notadas via as mudanças climáticas, perda na biodiversidade e consequente extinção de espécies, dentre outros.
Ressalta-se que a degradação ambiental, isto é, a perda de biodiversidade do ambiente, é decorrente de fatores locais como a remoção da vegetação, da camada fértil do solo e da fauna. Mas, como o inventário florestal e a recuperação de áreas degradadas estão relacionados? Confira a seguir.
Qual a diferença entre restauração e reabilitação?
Estratégias para a conservação e preservação dos ecossistemas naturais têm sido desenvolvidas e os estudos de recuperação são empreendidos como mecanismos para elaboração de planos que possibilitem o estabelecimento da vegetação, visto que a cobertura vegetal possui grande relevância na manutenção do equilíbrio ecológico, além de ter influência direta na conservação do meio ambiente e sobrevivência da população.
As técnicas de recuperação são empregadas principalmente para áreas degradadas em função de atividades de mineração e agropecuária, bem como para a recuperação de áreas de reserva legal (RL) e áreas de preservação permanente (APP). Podem ser empreendidas técnicas de isolamento, condução de regeneração natural, plantio de adensamento, plantio de enriquecimento ou plantio total.
A recuperação de uma área tem como objetivo estabelecer um novo equilíbrio dinâmico na área de interesse, em que o processo de recuperação de áreas degradadas pode ser subdividido em dois conceitos: restauração e reabilitação.
A restauração é tida como uma ferramenta que visa o restabelecimento de forma gradual da floresta, de maneira a retomar a biodiversidade local, assim como a função ecológica, isto é, fornecimento de serviços ambientais como estoque de carbono para a mitigação climática, estabilidade de encostas, favorecimento dos recursos hídricos, entre outros.
Este método vem sendo utilizado como artifício na corrida contra as mudanças climáticas, pois a restauração fornece abrigo para diferentes formas de vida de animais e vegetais.
A restauração, procedimento composto por diferentes ações nos níveis técnicos e científicos, tem como objetivo garantir perpetuidade dos recursos ao ambiente inicialmente degradado, parcial ou totalmente. Nesse sentido, o intuito de se empreender a restauração é a recuperação da forma original do ecossistema, seja em estrutura, dinâmica ou interações. É importante salientar que além da seleção de qual espécie plantar, é importante definir quantos indivíduos de cada espécies devem ser plantados.
O sucesso da restauração florestal está intrinsecamente relacionado com a identificação e seleção das espécies-chave, estas definidas como espécies com capacidade de reestabelecer a estrutura da floresta em consequência do número de indivíduos, porte, cobertura e consequentemente biomassa.
Neste processo a área deve obrigatoriamente voltar ao seu estado, antes de sofrer intervenções antrópicas, portanto, características topográficas, edáficas e hidrológicas devem ser as mesmas encontradas antes da degradação, viabilizando que a fauna e flora encontrem possibilidades de retorno a área de forma original.
Já a reabilitação envolve ações que buscam a recuperação, isto é, restabelecimento de uma ou mais funções e processos do ambiente, seja no aspecto ambiental ou econômico.
O processo tem como objetivo recuperar parte da biodiversidade local e consequentemente a produtividade e processos ecológicos, ou seja, as interações entre os diferentes componentes da vegetação que tem relação direta com o funcionamento e manutenção dos ecossistemas.
A reabilitação está atrelada a um retorno da área de interesse em um estado biológico adequado, e, portanto, tais áreas podem ser direcionadas, por exemplo, para fins recreativos, e não necessariamente para uso produtivo.
Qual a influência do inventário florestal?
O inventário florestal é a principal ferramenta na quantificação e qualificação dos recursos florestais e é por meio destas informações que se determina o potencial ecológico do ecossistema.
Diante da realização do inventário florestal, é possível determinar a estrutura horizontal e vertical, estoque volumétrico e composição florística da formação natural de interesse. Assim, é por meio do levantamento florestal que se tem o conhecimento da flora de uma determinada região, permitindo então o resgate de diferentes espécies, bem como a seleção daquelas mais adequadas a serem utilizadas nos programas de recuperação de um determinado local.
A definição das espécies que irão compor o programa de restauração ou reabilitação de uma área é de fundamental importância, em que a seleção destas devem ser de forma a garantir o estabelecimento e sobrevivência das mesmas, bem como a influência delas na ocorrência de outras espécies.
A partir da realização do inventário florestal é possível proceder com a seleção de espécies, escolha de forma de vida, avaliação da sucessão ecológica, bem como classificar as espécies quanto a posição fitossociológica e socioeconômica.
Estratégias de implementação de políticas públicas que viabilizem o desenvolvimento ambiental, social e econômico têm sido utilizadas.
A exemplo, o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), tem como principal objetivo realizar um estudo ambiental e inferir quanto às atividades e cronogramas a serem seguidos para que se obtenha uma minimização dos impactos ambientais gerados por meio da execução de empreendimentos diversos.
Além disso, normas e leis são estabelecidas de forma a garantir um ambiente ecologicamente equilibrado, viabilizando o uso e essencialidade ao bem-estar da população. A exemplo, tem-se a lei n.º 6.938, de 31/08/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
Por meio da recuperação, baseada nos princípios de restauração ou reabilitação, as áreas degradadas passam a condições potencialmente sustentáveis, destacando a importância dos ambientes naturais. Além de todas as estratégias supracitadas, é importante salientar que se faz necessário a conscientização e busca pela preservação ambiental atrelada ao uso sustentável dos recursos.
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