Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) são apresentados como uma alternativa para uma produção sustentável de alimentos, garantindo a segurança alimentar com baixo impacto ambiental.
Terminologias
Para a literatura científica, sugere-se o termo Sistema Integrado de Produção Agropecuária (SIPA). Enquanto para a literatura técnica, recomenda-se o termo Integração Lavoura-Pecuária (ILP). E, ainda, a título de classificação internacional, indica-se o termo Integrated Crop-Livestock System (ICLS).
É importante, para qualquer termo utilizado, que sejam descritos os componentes do sistema em questão, e a forma como eles estão organizados nas dimensões de espaço e tempo.
Características dos SIPA
Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, têm como princípio explorar os sinergismos que ocorrem a partir das associações de cultivos agrícolas e da produção animal.
Além disso, apresentam-se como opções exclusivas de sistemas de produção onde se pode alcançar, simultaneamente, a intensificação da produção e a sustentabilidade ambiental.
Para isso, utiliza os insumos de maneira eficiente e a pastagem com intensidade de pastejo moderada, baseando-se nas práticas de manejo do sistema de plantio direto. Sendo assim, a diversidade dos SIPA está relacionada às rotações de culturas, que favorecem a ciclagem de nutrientes e diminuem a incidência de doenças, pragas e plantas daninhas.
Para a propriedade, a adoção do SIPA traz incremento de renda sem precisar aumentar a área de produção, pois há maior aproveitamento dos nutrientes, redução no uso de insumos, maior eficiência no uso de maquinário, e maior liquidez financeira.
Planejamento dos SIPA
O planejamento dos sistemas integrados deve ser feito priorizando as interações conjuntas entre seus elementos. Para isso, duas dimensões são fundamentais no arranjo produtivo em SIPA: o espaço e o tempo. Nesse sentido, o que diferencia os SIPA de outros sistemas chamados integrados, é esse planejamento espaço-temporal. Visto que, alguns sistemas denominados integrados não passam de sucessões de espécies forrageiras e agrícolas sem nenhum planejamento.
A dimensão espaço de um SIPA engloba as interações espaciais entre fazendas, não se restringindo a determinada área. Ou seja, o envio de animais, forragens conservadas, e outras operações comerciais, fazem parte do planejamento do sistema, integrando áreas distintas.
Por outro lado, a dimensão temporal leva em conta o tempo do ciclo de cada componente, e também o tempo total do planejamento do sistema. Conforme o tempo de duração de cada componente no sistema, é possível prever o acúmulo de carbono orgânico no solo.
Importância mundial dos SIPA
De acordo com a FAO, os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária têm potencial para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050, produzindo de maneira sustentável. Também trazem benefícios relacionados à melhoria dos processos produtivos, como o aproveitamento de mão de obra e o aumento da qualidade dos produtos, promovendo a segurança alimentar.
Nesse sentido, uma solução para a demanda crescente de alimentos, ao mesmo tempo em que possuem potencial de mitigação da emissão de gases de efeito estufa, e de produção sustentável, são os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária.
SIPA no Brasil
A prática dos princípios dos SIPA existe no Brasil há anos, portanto, não se trata de uma nova tecnologia. O fato que fez com que esses sistemas especializados de produção fossem rejeitados e esquecidos, foi a Revolução Verde. Devido à ineficiência dos modelos atuais de produção, não só no Brasil como no mundo, a retomada da prática dos princípios desse sistema é crescente.
Além da ineficiência, os atuais modelos produtivos trazem consequências prejudiciais ao meio ambiente, principalmente relacionadas ao aquecimento global.
Em comparação aos modelos produtivos atuais, os SIPA são sistemas alternativos. Tais sistemas consideram a diversidade e a funcionalidade de cada elemento que compõe o sistema; a funcionalidade dos ciclos; e a dimensão de espaço das interações.
Dessa forma, os SIPA consistem em uma reconexão da agricultura com a natureza, onde é possível obter simultaneamente produtividade e sustentabilidade.
Atualmente, os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, expandidos como proposta no período entressafra, para garantir o uso eficiente da área nessa época, estão mais presentes na Região Sul do Brasil.
Nas outras regiões, é comum identificar diversas áreas que ficam em pousio, ou com cobertura vegetal para produção de palhada, no período de entressafra. Ou seja, essa é uma excelente oportunidade para a aplicação dos SIPA, oferecendo uma maior eficiência para essas áreas.
Desafios e potencial
Atualmente, o principal desafio de implantação dos SIPA é a complexidade estrutural desse sistema, que requer muito mais conhecimentos técnicos e econômicos. Ademais, o Brasil possui inúmeras características edafoclimáticas, que favorecem a diversidade de SIPA com diferentes combinações espaço-temporais.
O potencial dos SIPA pode ser comparado ao conceito de farmscaping, onde a biodiversidade é estruturada nos sistemas de produção por meio das combinações de culturas e do manejo das áreas improdutivas.
Essa comparação pode ser feita, pois os SIPA estão alinhados aos fluxos biogeoquímicos que acontecem na natureza, principalmente quando há diversificação de espécies herbáceas, arbóreas e com a presença de pastejo. Sendo assim, os SIPA são considerados sistemas de intensificação sustentável, que devem ser introduzidos mundialmente.
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