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Timidez das Árvores: Um Fenômeno Incrível

Por Fernanda Carvalho

Em 10 de janeiro de 2019
Timidez das Árvores

O ecossistema da floresta tem um equilíbrio perfeito, no qual cada ser tem seu nicho e sua função, que contribui para o bem-estar de todos. Com frequência a natureza é descrita dessa forma, mas infelizmente essa descrição não está tão correta assim, pois na floresta predomina a lei do mais forte. Cada espécie deseja a própria sobrevivência e, para isso, toma das outras tudo de que precisa.

Basicamente, não existe muita piedade, e as florestas só não entram em colapso porque contam com mecanismos de proteção contra excessos, sendo o maior deles a própria genética: quem é ganancioso demais e pega tudo sem dar nada em troca acaba roubando de si mesmo os elementos básicos da vida e morre. Por isso a maioria das espécies desenvolvem um comportamento inato que protege a floresta dos excessos.

São inúmeros os mistérios que envolvem a vida das árvores na floresta, mas hoje, vamos falar de um dos mais intrigantes deles: a timidez das árvores.

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Geralmente, quando consideramos a timidez, pensamos em interação e comportamento de criaturas do reino animal, não é mesmo? No entanto, surpreendentemente, entre as plantas existe o que na botânica se chama “timidez entre árvores”, um fenômeno observado em indivíduos de algumas espécies e que se caracteriza pela formação de brechas entre as copas que vão criando fascinantes padrões, causando um efeito visual muito interessante e bonito, onde as copas das árvores não se tocam e criam fendas bem definidas entre si que lembram os meandros de um rio.

A causa fisiológica exata é incerta. O fenômeno tem sido discutido na literatura científica desde a década de 1920, quando recebeu a denominação de crown shyness (timidez da coroa). A variedade de hipóteses e resultados experimentais sugerem a existência de múltiplos mecanismos em diferentes espécies, um exemplo de evolução convergente.

Outra possibilidade seria que a “timidez entre árvores” seria um mecanismo para evitar a sobreposição das copas e, dessa forma, garantir que mais áreas das plantas e suas folhas fiquem expostas à luz solar, e a fotossíntese ocorra de forma mais eficiente.

Uma hipótese proeminente, é que a timidez do dossel tem a ver com a percepção mútua de luz pelas plantas adjacentes. A maioria das pessoas sabe que as árvores crescem na direção da luz, com a fotossíntese fornecendo nutrição essencial. Sua sensibilidade à luz, porém, é mais sofisticada do que simplesmente sentir onde está. Eles têm fotorreceptores chamados fitocromos que são sensíveis aos níveis de luz vermelha (R) e luz vermelha distante (FR). Em pleno sol, R e FR estão igualmente presentes. No entanto, quando atinge as folhas, mais da luz R é absorvida e a relação da luz solar restante é direcionada para o FR. Isso diz a uma árvore que há algo no caminho da luz e para parar de crescer nessa direção.

Na timidez da coroa, basicamente as árvores concordam tacitamente em compartilhar a luz solar disponível de maneira não competitiva. Essa teoria também poderia explicar por que algumas árvores não exibem timidez ao interagir com árvores de sua própria espécie. Estudos mostraram que algumas plantas que detectam parentes próximos irão posicionar suas folhas para evitar que os parentes deixem sombra, mesmo à custa de sombreamento. Quem sabia que as plantas poderiam agir de forma cooperativa?

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Também existe a teoria de que as brechas vão se formando simplesmente como resultado de contato, atrito, colisões e “enroscos” entre os galhos de indivíduos vizinhos que são promovidos pela ação dos ventos e que causam a poda natural. Em locais com grande ocorrência de ventos, o atrito entre os ramos de diferentes copas é muito forte, causando assim “uma poda recíproca” entre árvores adjacentes, formando assim as lacunas ou canais no dossel, e como resultado, as árvores limitam o crescimento nesses locais para evitar mais danos.

Esta teoria faz sentido, uma vez que a timidez da copa é exibida entre árvores de espécies diferentes e iguais, e às vezes até entre os ramos da mesma árvore. Aliás, este fenômeno é mais comum entre árvores das famílias botânicas: Pinaceae, Fagaceae, Myrtaceae, Dipterocarpaceae e Vochysiaceae.

Para quem ficou interessado em ver de perto esse fenômeno, saiba que a timidez só pode ser observada em alguns lugares da Terra. Um desses lugares é no Instituto de Pesquisa Florestal da Malásia, em Kuala Lumpur.

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As interações ecológicas são complexas, então provavelmente existem vários fatores em jogo. Apesar de décadas de investigações, ainda não há consenso sobre exatamente o que causa o belo e misterioso fenômeno da timidez da coroa. Seja qual for a explicação correta, o fato é que o fenômeno é pra lá de intrigante e prova que as plantas guardam mais mistérios do que imaginamos.

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Autor(a)

Fernanda Carvalho

Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa. Continuou seus estudos na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo da Vida Selvagem. Dedicou grande parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental no Meio Ambiente Florestal da Fibria Celulose S/A e como consultora em projetos de Inventário Florestal, Averbação de Reserva Legal e Mapeamento de Áreas, na Florestal Jr. Atualmente é mestranda em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela UFRJ, Consultora de Comunicação da Ocyan e Gestora de Conteúdo do blog Mata Nativa.

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