As florestas nativas são ecossistemas complexos e diversos, abrigando uma ampla variedade de espécies vegetais e animais. Sua importância pode ser destacada em várias áreas-chave. Tais formações vegetais são hotspots de biodiversidade, contribuindo para a estabilidade ecológica, polinização, regulação de pragas e conservação de espécies. Além disso, estes ecossistemas desempenham um papel crucial na conservação do solo e da água, evitando a erosão, o assoreamento de rios e contribuindo para a disponibilidade de água limpa. As florestas nativas também atuam como sumidouros de carbono, ajudando a mitigar as mudanças climáticas. Além disso, fornecem outros serviços ecossistêmicos importantes como: produção de madeira, alimentos não madeireiros e controle de doenças. No entanto, as florestas nativas são ecossistemas altamente complexos que requerem muitos estudos para sua melhor compreensão.
Entender o funcionamento da floresta e seus serviços ecossistêmicos idealmente envolve o monitoramento de suas mudanças ao longo do tempo. De maneira geral, análises de dinâmica florestal (da comunidade ou de populações específicas) e análise de crescimento (da comunidade ou de populações específicas) demandam inventários florestais periódicos, com remedições espaçadas no tempo.
Estudos que requerem remedição de florestas nativas
Estudos de dinâmica florestal se concentram nas mudanças e nos processos que ocorrem nas florestas ao longo do tempo. Assim, estes estudos envolvem o monitoramento e a compreensão da estrutura, composição, funcionamento e interações dos componentes biológicos e abióticos das florestas.
Alguns aspectos abordados nos estudos de dinâmica florestal incluem taxas de mortalidade e recrutamento de novas árvores, ganho e perda em área basal, taxa de rotatividade, taxa de mudança líquida, tempo de meia-vida, tempo de duplicação, dentre outros. Essas informações ajudam a compreender a estrutura e o desenvolvimento da floresta, bem como os fatores que influenciam a dinâmica das populações arbóreas.
Também é possível realizar estudos dos processos de regeneração natural das árvores e de outras plantas após perturbações como incêndios, exploração madeireira ou desmatamento. Isso inclui a análise da composição de espécies, padrões de recrutamento e sucessão de comunidades vegetais.
Mais recentemente, muitos estudos de dinâmica florestal tem focado no estudo das respostas a mudanças ambientais. Por exemplo, avaliação das respostas das florestas a mudanças climáticas, poluição, fragmentação do habitat e outros distúrbios. Isso inclui o estudo dos efeitos dessas mudanças nas comunidades florestais, nos processos ecológicos e nas funções dos ecossistemas.
Além disso, os estudos de crescimento também utilizam medições periódicas da floresta. Eles permitem a modelagem do crescimento (ou da taxa de crescimento) em função de características dendrométricas e/ou ambientais. O estudo do crescimento florestal, principalmente por espécies, é importante ferramenta para o manejo sustentável das florestas (MFS) e conservação da biodiversidade. A saber, o conhecimento da taxa de crescimento de determinada espécie permite inferir quanto tempo ela leva para atingir o diâmetro mínimo de corte no MFS, por exemplo.
Importância das parcelas permanentes no contexto de monitoramento da floresta
Parcelas permanentes são unidades amostrais estabelecidas em florestas, com o propósito de coletar dados e realizar monitoramentos de longo prazo. Estas unidades possuem a vantagem de garantir que as informações de dinâmica florestal e/ou crescimento sejam coletadas em um mesmo conjunto de árvores, remedido periodicamente.
Em florestas altamente heterogêneas, como as florestas tropicais, parcelas permanentes evitam a casualidade das remedições em locais não representativos da dinâmica da floresta. Em um exemplo extremo, com parcelas temporárias corre-se o risco de, no primeiro inventário, medir-se somente regiões mais jovens da floresta e, numa segunda medição, a amostragem também cair em outros pontos mais jovens da floresta (onde foi aberta uma clareira, por exemplo). Nesse caso, regiões mais maduras da floresta ficariam de fora da amostragem e o processamento da dinâmica não seria representativo da realidade da floresta.
Fatores que afetam a dinâmica e o crescimento das florestas nativas
Florestas nativas são ecossistemas altamente complexos, com diversas idiossincrasias. Vários fatores afetam sua dinâmica e crescimento, uma vez que esses fatores interagem no espaço e no tempo. A saber, destacam-se:
Primeiramente, o tipo de floresta (fitofisionomia). Diferentes tipos de florestas têm composições e características distintas que influenciam sua dinâmica e crescimento. Florestas estacionais, por exemplo, podem ter ritmos de crescimento associados à sazonalidade climática.
Aliás, as condições climáticas desempenham um papel crucial no crescimento das florestas. A quantidade de precipitação, a temperatura, a umidade e a sazonalidade afeta diretamente a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas. Florestas localizadas em regiões com clima favorável, com chuvas adequadas e temperaturas moderadas, tendem a apresentar ritmos de crescimento mais acelerados.
A disponibilidade de recursos como a água, nutrientes e luz solar desempenha um papel fundamental no crescimento das árvores. Florestas localizadas em solos ricos em nutrientes e com acesso a fontes de água adequadas tendem a crescer mais rapidamente. Da mesma forma, a competição por luz solar entre as árvores da floresta pode influenciar seu ritmo de crescimento.
Eventos naturais, como incêndios florestais, inundações e surtos de pragas, podem afetar significativamente o ritmo de crescimento das florestas. Esses distúrbios podem causar danos às árvores e interromper seu crescimento. No entanto, as florestas também podem se recuperar desses distúrbios e exibir um crescimento acelerado como parte do processo de regeneração.
Por último, a atividade humana, como desmatamento seletivo, exploração madeireira e plantações florestais, pode ter um impacto direto no ritmo de crescimento das florestas. A remoção excessiva de árvores pode interromper os ciclos naturais de crescimento e regeneração, diminuindo a taxa de crescimento da floresta.
Qual o intervalo de tempo ideal para remedição de florestas nativas?
O intervalo ideal de remedição da floresta pode variar dependendo dos objetivos específicos do estudo, das características da floresta e dos recursos disponíveis. Diferente dos inventários contínuos em florestas plantadas, em que as remedições acontecem anual ou bianualmente, não há um intervalo fixo que seja considerado ideal para todos os estudos em florestas nativas, pois cada pesquisa tem suas próprias necessidades e contextos.
No entanto, alguns estudos, de longo prazo em florestas tropicais, recomendam intervalos de remedição que variam de 4 a 5 anos (alguns chegam ao intervalo máximo de 10 anos). Esse período permite capturar mudanças significativas na estrutura da floresta, no crescimento das árvores e nas respostas a fatores ambientais. Com intervalos mais curtos, é possível detectar variações mais sutis, mas pode ser necessário considerar a disponibilidade de recursos e a viabilidade prática da coleta de dados com frequência. Por outro lado, em florestas mais maduras, com menores taxas de crescimento, intervalos muito curtos também podem ser pouco informativos.
Além disso, em intervalos mais longos pode-se perder informações, principalmente em florestas com dinâmica acelerada. Por exemplo, em um intervalo de 5 anos, uma árvore jovem não inventariada na primeira medição pode atingir o critério de inclusão na amostragem e, por algum motivo (competição, doença, etc.) pode morrer em seguida. Nesse caso, a remedição não contemplaria essa árvore e esse recrutamento; mortalidade não serão incluídos nos cálculos das taxas.
É importante ressaltar que, alguns estudos, como os relacionados às mudanças climáticas ou a perturbações específicas, podem exigir intervalos de remedição mais curtos. Por exemplo, em áreas afetadas por incêndios florestais, os estudos podem envolver avaliações anuais ou bianuais nos primeiros anos após o incêndio para monitorar a regeneração e o processo de recuperação da floresta.
Então, como definir o intervalo?
Em resumo, o intervalo ideal de remedição da floresta para estudos depende do objetivo do estudo, das características da floresta, das questões de pesquisa e das restrições de recursos. Os pesquisadores devem adaptar o intervalo de remedição de acordo com suas necessidades e considerar a capacidade de coleta de dados de forma consistente ao longo do tempo.
Realizando as medições
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